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Deputados atuam como ‘padrinhos políticos’

Lógica é criar grupo para, a cada dois anos, ir às ruas fazer campanha para o Legislativo, seja ele federal, estadual ou municipal

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Por Redação
Atualização:

As 55 cadeiras do Legislativo paulistano não são hereditárias, mas o caminho para conquistar uma dessas vagas fica mais curto quando se tem um padrinho político – não raro, esse laço pode ir além das convicções e ser também sanguíneo. Além dos filhos de veteranos das urnas que resolvem seguir a carreira política, em praticamente todos os partidos há dobradinhas entre deputados estaduais e federais e candidatos a vereador, numa lógica em que, a cada dois anos, um mesmo grupo vai às ruas fazer campanha para o Legislativo, seja ele federal, estadual ou municipal.

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Um dos partidos em que essa prática mais funciona é o PT. Muitos dos atuais vereadores chegaram à Câmara Municipal respaldados por ex-parlamentares municipais que hoje estão na Assembleia ou na Câmara dos Deputados, em Brasília. Na última eleição, a estreante Juliana Cardoso foi exemplo disso: a vereadora atua na política em parceria com o deputado estadual Adriano Diogo, que exerceu o cargo de vereador pelo partido entre 1989 e 2002.

Disputando sua sexta eleição seguida, Paulo Reis é um dos suplentes da bancada do PT na Câmara, mas em 2012 é visto pelos próprios petistas como candidato com reais chances de obter vaga no Palácio Anchieta. O ex-cobrador de ônibus trabalha desde 2006 no gabinete do deputado estadual Rui Falcão, presidente nacional do PT. Desde que se aproximou do parlamentar, Reis viu sua votação passar de menos de 9 mil votos, em 2000, para quase 24 mil na disputa de 2008.

Entre os tucanos, a dobradinha entre o vereador Claudinho de Souza e o deputado estadual Celino Cardoso é notória. Ambos compartilham o reduto eleitoral na zona norte, em uma área que abrange bairros como Freguesia do Ó, Jaraguá e Vila Brasilândia, entre outros. Não raro os dois parlamentares divulgam agendas em conjunto e, no material de campanha de Claudinho, há pelo menos duas eleições é recorrente a inscrição de apoio de Celino ao vereador.

O presidente da Câmara, José Police Neto, ex-tucano que migrou para o PSD do prefeito Gilberto Kassab, foi eleito vereador em 2004 com apoio de um parlamentar experiente, o deputado federal e ex-vereador Walter Feldman (PSDB), de quem foi assessor e chefe de gabinete na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp).

Com bancada formada apenas pelo vereador recém-filiado Carlos Apolinário (que não tenta reeleição), o PMDB tenta se manter na Câmara usando a base eleitoral de dois deputados estaduais. Jooji Hato lançou o filho George Hato na região do Jabaquara e Saúde. E Jorge Caruso ajuda Ricardo Nunes no extremo sul, onde divide reduto com Antônio Goulart (PSD).

Dependendo do poder de influência, o caminho pode ser inverso, isto é, o vereador se tornar fiador de parlamentares eleitos para outras esferas de governo. Em 2010, Milton Leite (DEM) conseguiu fazer dois filhos serem eleitos deputados: Milton Leite Filho obteve vaga na Alesp; Alexandre Leite, no Congresso, em Brasília.

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