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Deputado usava madeireira para lavar dinheiro de habeas-corpus

Por Agencia Estado
Atualização:

As investigações feitas pela Polícia Federal concluíram que o deputado Pinheiro Landim (PMDB-CE) usava um pequeno madeireiro de Brasília para fazer a lavagem de dinheiro, supostamente proveniente do esquema de liberação de habeas-corpus. Em escutas telefônicas feitas no ano passado, o próprio traficante Leonardo Dias Mendonça, o Léo, conversa com Antônio Carlos Ramos, que confessa que seu sogro, Francisco Olímpio de Oliveira, era o testa-de-ferro do parlamentar. Nos diálogos, os dois brincam com o fato de que o ?Véio?, como denominam Landim, mantinha negócios no nome de Olímpio, que foi preso pela PF com outras 27 pessoas há duas semanas em Goiânia. Dono de uma serraria nos arredores de Brasília, o suposto laranja do parlamentar é classificado pelos policiais como uma pessoa sem instrução, mas um hábil negociador. Para o grupo, Olímpio é ?caipira, da roça?. Mas os próprios traficantes sentiram os efeitos do menosprezo. Olímpio teria conseguiu enganá-los, desaparecendo com R$ 100 mil que seriam usados nas negociações de habeas-corpus. ?O homem usa ele, através dos outros lá, só como testa-de-ferro (...) Ele fica contente, que está entrando alguma besteirinha no bolso dele?, diz Ramos, conhecido entre o grupo como Totó ou Gago, também preso pela PF de Goiás. No nome de Olímpio, apelidado pelos traficantes de Comprido ou Grande, estariam a madeireira em uma cidade satélite do Distrito Federal, além de um areal. Mas, pelos diálogos gravados pela PF, podem existir outros bens que pertenceriam a Landim. ?Ele é o braço direito do cara lá?, afirma o genro de Olímpio. As investigações da PF mostraram que o próprio Olímpio movimentou altas somas de dinheiro do narcotráfico. Tinha contatos freqüentes com Leonardo Dias Mendonça, seu sócio Wilson Moreira Torres e o secretário do traficante, Luiz Antônio Gonçalves de Abreu, todos presos em Goiânia. O pequeno empresário também negociava com doleiros, gerindo recursos do tráfico de drogas. A relação de Landim com Olímpio era bem próxima, assim como a do parlamentar com seu motorista, José Antônio de Souza, que recebia dinheiro em suas contas. Mas Olímpio também participou de algumas transações, como a efetuada por Dias Mendonça no dia 22 de março de 2001. ?Bom, aquele assunto do Ceará não foi nada não, viu? Até meia hora atrás não tinha chegado nada?, fala Pinheiro Landim a seu suposto testa-de-ferro. ?Então tá errada alguma coisa. Tá errada alguma coisa. Vou falar com ele, vou falar com ele, garantiu como dois mais dois é quatro?, responde Olímpio. O pequeno empresário se referia a uma remessa de R$ 30 mil feita por Dias Mendonça para Suzane Pinheiro Gondim, supostamente uma mulher ligada ao deputado. O termo ?ele?, a que Olímpio se referia na conversa com Landim era o próprio traficante. O dinheiro realmente foi depositado por Luiz Fernando, o secretário de Léo. O trânsito do suposto testa-de-ferro de Landim com os traficantes é bom e ele sempre aparece, segundo as investigações da Polícia Federal, como um intermediador entre o parlamentar e o grupo. Numa conversa com um advogado, ele anuncia que decisões serão tomada em breve em benefício de Dias Mendonça e Torres. ?Amanhã é bem fácil ser resolvido o problema daqueles dois rapazes daí, entendeu??, diz Olímpio a seu interlocutor. No mesmo diálogo, o pequeno empresário admite que ele e Landim poderiam ter negócios juntos, como aponta as investigações da PF. Ao justificar a demora de alguma coisa, Olímpio afirma: ?Estou me virando aqui, inclusive falei até com, com o Pinheiro lá e deu umas zebras nums negócios que era para a gente receber...?. O tráfico e suas conexões

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