
21 de setembro de 2007 | 17h19
O relator da proposta de adesão da Venezuela ao Mercosul na Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional da Câmara, deputado federal Dr. Rosinha (PT-PR), disse nesta sexta-feira, 21, que a melhor coisa que o presidente venezuelano, Hugo Chávez, poderia fazer neste momento é não emitir nenhuma opinião sobre a questão. Veja também: 'Chávez tem pesadelos com os EUA' Chávez acusa o Congresso brasileiro de submissão aos EUA Cronologia do impasse entre o Senado brasileiro e Hugo Chávez Você acha que a Venezuela deve entrar no Mercosul? Dê a sua opinião sobre as declarações de Chávez "A melhor coisa é ficar quieto quando se refere ao Parlamento", sugeriu. Cada declaração infeliz do presidente Chávez prejudica a tramitação no Congresso", lamentou. Na última quinta-feira, o presidente da Venezuela, acusou o Congresso brasileiro de atrasar a votação da adesão do País no bloco - composto por Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai - por submissão aos interesses dos Estados Unidos. De acordo com Rosinha, o presidente da Venezuela não conhece o regimento do Congresso brasileiro e nem a correlação de forças. O deputado foi contundente na defesa da Casa. "Não somos serviçais dos Estados Unidos", acentuou. "Se tem alguém que cumpre todos os acordos econômicos com os Estados Unidos é a Venezuela." O parecer de Rosinha, favorável à entrada da Venezuela no bloco, deveria ser votado na última quarta-feira, mas o PSDB pediu vistas. A expectativa do deputado é que seja aprovado na próxima quarta-feira. Depois, a proposta precisa passar pela Comissão de Constituição e Justiça e pelo plenário da Câmara, antes de ser remetida para o Senado. Segundo ele, as declarações polêmicas do presidente venezuelano dificultam as conversas porque "há alguns que pensam que estamos discutindo a entrada do Chávez no Mercosul e não a entrada da Venezuela". 'Possível e impossível' O PSDB vai fazer "o possível e o impossível" para impedir a aprovação do ingresso da Venezuela no Mercosul, informou em nota o líder do partido, senador Arthur Virgílio (AM), nesta sexta-feira, 21. "A depender do PSDB, a Venezuela de Chávez não terá o ingresso aprovado. Há, para isso, razões legais, políticas, econômicas e éticas", disse Virgílio na nota. "Não adianta ele pressionar com esse discurso atrasado e com esse cacoete de insultar parlamentares para forçar a aprovação do ingresso do seu país no Mercosul." O líder do DEM no Senado, senador José Agripino (RN), também protestou contra as declarações de Chávez. Em nota divulgada nesta sexta-feira, ele afirmou: "diante de tanta fanfarronice, já estou achando melhor não aceitá-lo para não nos arrependermos amanhã dos incômodos de sua companhia". No encontro de Chávez com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva na quinta-feira em Manaus, o mandatário brasileiro disse que o Palácio do Planalto está trabalhando para obter a aprovação da adesão da Venezuela ao Mercosul e o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, afirmou que esse processo deve ser concluído até dezembro. 'Papagaio dos EUA' Em meados de junho, Chávez criticou o Senado brasileiro por aprovar um requerimento pedindo a devolução da concessão do canal RCTV, que não foi renovada. Chávez revidou dizendo que o Senado brasileiro era "como um papagaio" do Congresso norte-americano. Um mês depois, o presidente venezuelano afirmou que dava prazo de três meses para o Mercosul admitir o seu país na união aduaneira, o que foi rechaçado por críticos nos quatro países que compõem o bloco.
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