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Deputado petista diz que novaoperação da PF causa 'estranheza' e visa criar 'ambiente de espetáculo'

Para Paulo Pimenta, há tentativa de associar fatos 'requentados' com esquemas de corrupção na Petrobrás a fim de criar 'instabilidade política, caos social e ódio' no País

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Por Julia Lindner
Atualização:

BRASÍLIA - O deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS) afirmou nesta sexta-feira, 1º, que a 27ª fase da Operação Lava Jato causa "estranheza" entre os petistas, por ter sido deflagrada um dia depois das manifestações pró-governo.Nesta sexta,oex-secretário-geral do PT Silvio Pereira e o empresário Ronan Pinto, dono do Diário do Grande ABC, foram presos; o ex-tesoureiro da sigla Delúbio Soares e o jornalista Breno Altman, próximo do ex-ministro José Dirceu, foram conduzidos coercitivamente a prestar depoimento. Pimenta acredita que há uma tentativa de associar fatos "requentados" com esquemas de corrupção na Petrobrás a fim de criar "instabilidade política, caos social e ódio" no País.

Deputado Paulo Pimenta (PT-RS) Foto:  

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Para Pimenta, o assassinato do então prefeito de Santo André Celso Daniel (PT), em 2002, "já foi esclarecido e não tem nada a ver com a Lava Jato". Ele disse ainda que não há "nenhuma questão que envolva o PT" nas investigações de hoje. "O episódio da morte do Celso Daniel é algo que foi objeto de inúmeras investigações na esfera criminal, em São Paulo, e até hoje existe um conjunto de decisões que já definiram as responsabilizações criminais, pessoas que já estão cumprindo pena por conta disso. Tentar reacender no imaginário da opinião pública um vínculo sobre a investigação da Lava Jato na Petrobrás com este episódio é algo absolutamente artificial e incompreensível", declarou Pimenta.

O parlamentar insinuou ainda as ações do poder judiciário são politizadas, dizendo que "sempre que há um ato a favor do governo, imediatamente surge mais um fato para criar esse ambiente de espetáculo". Para ele, "esta é mais uma tentativa de interferir no processo político brasileiro, e oferecer aos golpistas elementos que possam justificar a quebra do Estado democrático". Ele fez duras críticas ao juiz Sérgio Moro e aos investigadores da Lava Jato, que, segundo Pimenta, extrapolam as suas competências e agem à revelia da lei. "Agora qualquer assunto que existe no Brasil, em qualquer época, eles tentam criar uma conexão que justifique, diante de suas competências, alguma referência à Petrobrás. É algo absolutamente incompreensível."

Ele voltou a criticar o vazamento das interceptações telefônicas do ex-presidente Lula, que, segundo ele, "foram captadas de maneira ilegal e divulgadas de maneira criminosa" por Moro. "O setor judiciário não pode se prestar a esse papel, nem setores da Polícia Federal, nem do Ministério Público Federal, de agir como se estivesse acima da Constituição e do Supremo Tribunal Federal, utilizando dos seus cargos como militantes políticos, isso é perigoso para o estado democrático de direito." Outra avaliação do petista é que Moro errou ao manter 25 advogados e cerca de 300 clientes sob monitoramento telefônico, quando grampeou o escritório do advogado e compadre de Lula, Roberto Teixeira, mesmo tendo sido alertado pelas companhias telefônicas. "Nem na ditadura militar, nos períodos mais autoritários, grampearam de maneira ilegal telefone das relações dos seus advogados com seus clientes."

Uma das bases para a ação desta sexta-feira, chamada Operação Carbono 14, seria um depoimento do publicitário Marcos Valério, de 2012, quando ele tentou, sem sucesso, um acordo de delação premiada com a Procuradoria-Geral da República para reduzir sua condenação de 37 anos no mensalão. Na época, Valério disse que o pecuarista José Carlos Bumlai - acusado de contrair a pedido do PT um empréstimo fraudulento junto ao Banco Schahin, em 2004, de R$ 12 milhões, posteriormente suportado pela Petrobrás - teria repassado parte do dinheiro ao empresário de Santo André para evitar que ele revelasse novos nomes envolvidos na morte de Celso Daniel. O dinheiro serviria para que o empresário parasse de chantagear o ex-presidente Lula.