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Deputado nega ter anunciado fim da CPI no DF

Por CAROL PIRES
Atualização:

O presidente da CPI da Corrupção na Câmara Legislativa do Distrito Federal, deputado Alírio Neto (PPS), negou hoje ter anunciado a anulação da comissão de inquérito na semana passada. O deputado afirmou que foi mal interpretado, pois teria anunciado apenas o fim da última sessão da quinta-feira passada, e não do funcionamento da comissão.A CPI deveria investigar a denúncia de existência de um esquema de corrupção no Governo do Distrito Federal e na Câmara Legislativa chamado "Mensalão do DEM", com coleta de dinheiro entre empresários e distribuição de propinas e secretários do governo e a deputados distritais. De acordo com investigações de Polícia Federal, que resultaram em ação no Superior Tribunal de Justiça (STJ), o esquema seria comandado pelo governador José Roberto Arruda (sem partido), com envolvimento de oito deputados.Ao negar que tenha encerrado a CPI da Corrupção, Alírio Neto culpou a imprensa, que, segundo ele, "sacrifica" as pessoas. "Não vou colocar para debaixo do tapete qualquer posição de infração às leis do meu País. Não tenho interesse nenhum de me furtar a ouvir o doutor Durval. Mas, também, em toda a minha história, nunca fiz injustiça", afirmou o deputado. Durval Barbosa, ex-secretário de Relações Institucionais do governo Arruda e alvo de vários processos na Justiça, é o denunciante do esquema de corrupção.No dia 18, o deputado Alírio Neto anunciou que todas as comissões em funcionamento até aquele momento - CPI da Corrupção, Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e comissão especial - estavam nulas. Disse que isso estava acontecendo porque o juiz Vinícius Santos, da 7ª Vara de Fazenda do Tribunal de Justiça do Distrito Federal (TJDF), ordenara a oito deputados distritais que se abstivessem de participar das análises dos pedidos de impeachment do governador Arruda e determinara a anulação de todos os atos por eles praticados.Depois do anúncio do fim da CPI feito por Alírio Neto, o juiz Vinícius Santos esclareceu que seu despacho estava direcionado à CCJ e à comissão especial, e não à CPI da Corrupção. O presidente nacional do PPS, Roberto Freire, criticou a ação do presidente da CPI e orientou o Conselho de Ética do partido a pedir explicações a Alírio Neto sobre as razões para anular a comissão de inquérito.A oposição avalia que a manobra da base aliada tinha como objetivo atrasar as investigações sobre o governador e invalidar o depoimento do ex-secretário de Relações Institucionais Durval Barbosa. O depoimento de Durval foi mantido pelo presidente interino da Câmara Legislativa, deputado Cabo Patrício (PT), para amanhã, na sede da Polícia Federal.A deputada Eliana Pedrosa (DEM), também aliada do governo, endossou a explicação apresentada hoje por Alírio Neto e negou ter havido manobra da base governista para impedir as investigações sobre o esquema de corrupção que a CPI deveria investigar. A deputada disse que, no seu entendimento, Alírio Neto havia anunciado a decisão de encerrar os trabalhos daquele dia.

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