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Deputado diz que vai convidar Marta para reunião da Rede

Miro Teixeira, articulador do projeto de Marina Silva, diz que atual momento é oportunidade para petista conhecer futuro partido

Por ANA FERNANDES E ELIZABETH LOPES
Atualização:

São Paulo - O deputado federal Miro Teixeira (PROS-RJ), um dos articuladores políticos da Rede Sustentabilidade, projeto de partido ligado a Marina Silva (PSB), disse que pretende convidar a senadora Marta Suplicy (PT-SP) para acompanhar uma reunião do grupo. "Diante do que ela está passando, terei muito prazer em convidá-la para assistir a uma de nossas reuniões amplas", disse o deputado ao Broadcast Político, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado.

Miro disse gostar de Marta e afirmou que ela "tem uma projeção política muito relevante". Apesar de conhecer há anos a senadora, ele disse que o convite seria uma boa oportunidade para Marta conhecer a Rede e entender seus processos, que afirma serem diferentes daqueles adotados por partidos convencionais. "Nossas decisões colegiadas, nossos ideais são encantadores. Seria uma oportunidade para ela nos conhecer melhor", afirmou.

Senadora Marta Suplicy (PT-SP) Foto: André Dusek/Estadão - 18.11.2014

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O deputado ressaltou que, na Rede, não se tem o hábito de convidar alguém para integrar o partido, já que as decisões são colegiadas.

Pessoas próximas a Marta e a Marina Silva disseram que, até o momento, não houve um contato direto para que a senadora integre a Rede. Depois de não ter conseguido se formalizar junto à Justiça Eleitoral a tempo das eleições de 2014, a Rede vem acelerando o processo de coleta de assinaturas e quer se legalizar ainda no primeiro trimestre deste ano. Mas o projeto de Marina ainda precisa provar que conseguirá se viabilizar politicamente para as eleições de 2016, principal objetivo hoje de Marta.

Em entrevista ao Estado, no domingo, Marta fez duras críticas ao PT e a avaliação é de que não ficará na legenda. Desde então, ela tem sido procurada por partidos, como o Solidariedade, de Paulinho da Força, e o PSB. Mas a troca de legenda para concorrer à prefeitura paulistana pode ser enquadrada como infidelidade partidária e Marta correria o risco de perder o mandato como senadora, que vai até 2018.

Fontes ligadas às duas disseram à reportagem que a possibilidade de Marta se unir a Marina não causa estranheza. "Elas foram ministras juntas (no governo Lula) e sempre mantiveram uma relação de cordialidade", disse uma pessoa próxima a Marta. "Seria uma forma de ela ir para algo novo", ressaltou. "Não dá para dizer que é uma coisa que não faria sentido", disse uma pessoa próxima a Marina, sobre a possibilidade de a Rede abrir as portas, caso Marta tenha interesse.

O cientista político e professor da Fundação Getulio Vargas Marco Antônio Carvalho Teixeira avalia que Marta pode ter se precipitado ao atacar o PT e está em uma "sinuca de bico". "Ela agora vai calcular o risco. A margem mais segura para ela é ir para um partido novo e, nessa direção, a Rede seria a opção mais viável", avalia. Outra opção seria o PL, que o ex-prefeito Gilberto Kassab (PSD) tenta recriar. Mas Kassab e Marta são adversários históricos e protagonizaram debates duros na campanha de 2008 à prefeitura.

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Teixeira explica que, apesar de existirem entendimentos jurídicos de que a regra de fidelidade partidária não se aplica para mandato de senadores e que Marta poderia alegar constrangimento para exercer seu mandato no PT, ela estaria correndo sério risco de perder sua posição "garantida".

O professor lembra também que a opção de Marta ir para o PMDB tende a se fechar, com a negativa de Michel Temer - que sinalizou que não a receberia na legenda - e com a articulação feita pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para compor uma chapa com o PMDB na capital paulista, com Fernando Haddad e Gabriel Chalita. "Marta criou um clima de absoluta impossibilidade de permanecer no PT, mas não garantiu nenhuma saída de segurança. É importante ressaltar que ir para o partido do Paulinho também geraria desconforto para ela."

Depois da entrevista ao Estado, Marta se recolheu e deve voltar ao cenário político após o recesso parlamentar, que vai até 1º fevereiro. Neste período, ela deve avaliar as propostas que tem recebido para deixar o PT.

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