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Depressão e suicídios, os dramas das tribos no MS

Por Pablo Pereira
Atualização:

Um dos principais tormentos das tribos guarani caiová em Mato Grosso do Sul é o suicídio de jovens. Agripino Silva, 23 anos, um rapaz da aldeia Ipo?y, acampamento de uma fazenda em Paranhos, perto da fronteira com o Paraguai, foi encontrado morto na madrugada do último sábado (27). A suspeita é que se trate de suicídio, conforme os primeiros relatos da comunidade registrados na Funai."O caso está sendo investigado pela polícia", disse neste domingo (28) a indigenista Juliana Mello Vieira, da Funai de Ponta Porã, que atende as comunidades daquela área. A indigenista explicou que a situação de Ipo?y já está mais avançada que a dos índios que ocupam Pyelito Kue, em Tacuru. De acordo com a Funai, vivem em Ipo?y cerca de 70 famílias, entre 300 e 400 pessoas.Para um dos líderes da região, Apyka Rendju ("luz brilhante", em guarani), que já foi ameaçado de morte e não divulga seu nome em português, o caso parece ser mais um das centenas de suicídios que ocorrem entre os caiová. Segundo dados do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), lembra o líder guarani, cerca de 1,5 mil índios já morreram desta forma no sul de MS em mais de uma década.DepressãoDe acordo com Apyka Rendju, são pessoas que entram em depressão e se matam. Ele criticou a demora da polícia no episódio. "O pessoal da comunidade se revoltou contra a demora para a retirada do corpo", disse Apyka Rendju. "O corpo ficou lá durante todo o calorento dia de sábado", afirmou. Para ele, a onda de suicídios na região, que já dura mais de uma década, se deve à situação difícil da condição indígena em contato com a colonização branca e a indefinição da questão fundiária. "É muito difícil para algumas pessoas aguentarem a situação", conta ele, que vive em Caarapó, cidade vizinha de Dourados e Ponta Porã. Uma das causas imediatas, segundo líderes indígenas, é o alcoolismo.Até ontem à tarde, a polícia ainda não sabia a causa da morte. A Funai aguarda o laudo do IML para avançar na investigação. Só depois de concluído o laudo o corpo será liberado para as cerimônias fúnebres. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo

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