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Depoimento e escutas justificam denúncia contra Dantas

Dantas agora é réu em um processo que vai apurar a tentativa de suborno de US$ 1 milhão ao delegado da PF

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Por CAROLINA FREITAS
Atualização:

O depoimento do professor universitário Hugo Chicaroni e escutas telefônicas foram elementos-chave para que o juiz da 6ª Vara Criminal da Justiça Federal, Fausto Martin De Sanctis, aceitasse nesta quarta-feira, 15,a denúncia do Ministério Público Federal (MPF) contra o sócio-fundador do Banco Opportunity, Daniel Dantas, por corrupção ativa. Em despacho de 14 páginas, o magistrado acusa o banqueiro de valer-se de "métodos espúrios" para intimidar investigadores da Polícia Federal (PF), oferecendo "vantagem indevida", por intermédio de Chicaroni e Humberto José da Rocha Braz. Veja também: PF reafirma que Protógenes pediu para deixar caso Dantas Tarso nega motivação política em saída de Protógenes Queiroz Três delegados do caso Dantas deixam a Operação Satiagraha Presidente do STF justifica libertação de Dantas  Opine sobre nova decisão que dá liberdade a Dantas  Entenda como funcionava o esquema criminoso  Veja as principais operações da PF desde 2003  As prisões de Daniel Dantas Os três são agora réus em um processo que vai apurar a tentativa de suborno de US$ 1 milhão ao delegado da PF Vitor Hugo Rodrigues Alves Ferreira. O objetivo da propina seria excluir o nome do banqueiro e o de sua irmã, Verônica Dantas, do inquérito. O acordo para pagamento do suborno teria sido selado - a mando de Dantas - em encontro do delegado com Chicaroni e Braz. Em depoimento à PF, no dia 8, Chicaroni contou que o acordo foi feito sob a coordenação de Braz, na condição de representante do Grupo Opportunity. Chicaroni disse ter procurado o delegado para obter informações sobre investigações envolvendo o banco e entregue a ele R$ 50 mil, em nome do grupo, "a título de primeiro encontro e pela promessa de pequenas informações". Depois disso, ainda de acordo com o depoimento de Chicaroni, Braz teria se encontrado com Ferreira e acertado o pagamento de US$ 1 milhão "para passar informações da investigação". Uma semana depois, Chicaroni contou ter entregue mais R$ 80 mil ao delegado. E alguns dias depois, "pessoas ligadas ao Grupo Opportunity" teriam levado R$ 865 mil à casa de Chicaroni. O dinheiro deveria ser entregue a Ferreira, segundo o depoimento. Escuta Outra tentativa de suborno por parte de Dantas teria acontecido em maio, aponta De Sanctis. Em seu despacho, o juiz transcreve trechos de um telefonema interceptado pela PF em que Dantas pede a Braz que contate o delegado Protógenes Queiroz, responsável pelas investigações da Operação Satiagraha. Braz responde que já tentara falar com alguém da PF, mas a pessoa teria negado o pedido de Dantas e pondera: "Mas nós estamos bolando um caminho aqui, um caminho jurídico, bem desenhado". Segundo o juiz da 6ª Vara Criminal, o objetivo do contato seria oferecer propina "em troca de favorecimento da organização criminosa". O juiz cita ainda um documento escrito à mão intitulado "Contribuições ao Clube" encontrado na casa de Dantas, que seria um relatório de pagamentos. Um deles, no valor de 1,5 milhão (sem indicar em que moeda), tinha a seguinte descrição: "Contribuição para que um dos companheiros não fosse indiciado criminalmente". Para De Sanctis, o documento dá "evidências de que em mais de uma oportunidade, (Dantas) valeu-se do espúrio mecanismo de corrupção ativa".

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