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Depoimento de ex-agente puxa investigações sobre morte de Jango

Foi um ex-agente militar uruguaio, Mario Neira Barreiro, quem afirmou, em 2002, que Goulart foi envenenado

Por Laura Greenalgh
Atualização:

Suspeitas de envenenamento crescem – mesmo sabendo-se que o ex-presidente João Goulart era cardiopata – à medida que informações vão dando conta da atuação de químicos a serviço das ditaduras sul-americanas, do envolvimento de agentes ligados à CIA e ao FBI (entre eles, Michael Townley, hoje em programa de proteção a testemunhas nos EUA) e de mortes em sequência, com características análogas – como a do poeta chileno Pablo Neruda, em 1973, exumado e hoje sob perícia. Para o filho de Jango, João Vicente Goulart, deve-se ir atrás das conexões em torno do que pode ter sido um programa de assassinatos seletivos nos anos 70.

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“É fundamental solicitar documentação disponível nos países implicados, não só Brasil, mas Argentina, Uruguai, Estados Unidos e fazer as oitivas devidas. A família, com toda a dignidade e dor, autoriza a perícia. Mas a exumação não é um fim em si mesmo, é um meio para chegar à verdade”, salienta. Em 2007, a família entrou com pedido de investigação junto ao MP depois de tomar conhecimento das revelações de Mario Neira Barreiro. Ex-agente uruguaio, preso na Penitenciária de Charqueadas (RS), Barreiro relatou o que seria um plano para eliminar Jango no exílio, com participação do delegado Sergio Fleury, do Dops de São Paulo: apenas uma cápsula do vidro de remédios do ex-presidente seria subtraída e substituída por outra contendo um composto com três substâncias letais.

Jango vestia pijama quando seu corpo foi levado ao caixão, que não mais seria aberto. Houve embates dentro do regime militar no Brasil sobre autorizar o enterro em solo pátrio. Documentos liberados nos EUA apontam participação americana nos fatos à época, inclusive envolvendo o então chefe do Departamento de Estado, Henry Kissinger, já arrolado como testemunha pela família Goulart na representação no MP.

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