Depoimento de Arruda irrita colegas de Regina

Por Agencia Estado
Atualização:

A tentativa do senador José Roberto Arruda (sem partido-DF) de desqualificar a ex-diretora do Centro de Processamento de Dados do Senado (Prodasen) Regina Célia Borges deixou indignados seus colegas de trabalho. Profissional competente, Regina é reconhecida, quer entre os servidores do centro quer entre os senadores por sua capacidade de liderança e de gerenciamento. Foi por suas qualidades que ocupou a diretoria do centro de processamento por dez anos, com o aval dos servidores do próprio Prodasen. E diante de tal perfil, seus ex-subordinados avaliam que Regina Borges jamais tomaria a iniciativa de violar o painel eletrônico do Senado sem uma expressa ordem superior. Segundo amigos de Regina, a ex-diretora do centro de dados gostaria de vir a ocupar a diretoria-geral do Senado. Este desejo de Regina Borges foi relatado nesta quinta-feira, nas entrelinhas, pelo ex-presidente do Senado Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA). Em seu depoimento ao Conselho de Ética e Decoro Parlamentar, ACM elogiou muito a competência da ex-diretora do Prodasen, mas revelou que Regina tinha "muita autonomia" e, por isso, às vezes entrava em atrito com o diretor-geral do Senado, Agaciel Maia. Já o senador Arruda optou por outra estratégia: tentou desacreditar publicamente Regina Borges, descrevendo-a como uma mulher desequilibrada e levantando a hipótese de que ela teria decidido por conta própria extrair a lista com os votos dos senadores. Regina Borges trabalha no Prodasen desde 1975, época em que ingressou no centro de processamento de dados como estagiária. É formada em administração de empresas, com pós-graduação em ciência política, e ocupou praticamente todos os cargos na hierarquia do centro de processamento de dados. Filiada ao PSDB, ganhou força e credibilidade durante os trabalhos de duas comissões parlamentares de inquérito (CPI): a que levou ao impeachment do ex-presidente Fernando Collor de Mello e a que investigou irregularidades na Comissão Mista de Orçamento. Foi nessa época que tornou-se conhecida de alguns parlamentares. "Ela (Regina) sempre atendia ao que a gente pedia e era muito competente", lembra o deputado José Genoíno (PT-SP), que trabalhou ativamente nas duas CPI. Os programas criados pelo Prodasen foram essenciais para a descoberta do caminho do dinheiro desviado dos cofres públicos pelos acusados envolvidos nas investigações de ambas as comissões. Regina Borges tem 52 anos, atualmente é casada com o também funcionário do Prodasen Ivar Ferreira Alves. A exemplo de sua performance da semana passada durante depoimento ao Conselho de Ética e Decoro Parlamentar, na próxima quinta-feira, dia 3, Regina terá de mostrar novamente um autocontrole emocional grande ao enfrentar "cara-a-cara" ACM e Arruda, em uma acareação tripla que promete passar para os anais da história do Senado.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.