DEM busca atrair PSDB e mira Senado para tentar derrotar CPMF

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Por NATUZA NERY
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Com a prorrogação da CPMF aprovada na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, o partido Democratas já começou a fazer contas para tornar vitoriosa no Senado sua cruzada contra o imposto. Para deputados da legenda, será na Casa vizinha o verdadeiro ringue contra o governo. O desafio para o DEM é atrair o PSDB à causa "Xô CPMF". Os tucanos criaram a contribuição no governo Fernando Henrique Cardoso, mas foram contra a partilha da receita com os governos locais. Agora, defendem dividir a arrecadação com Estados e Municípios. "O PSDB tem nas mãos hoje a chance de reduzir a carga tributária do Brasil se votar no Senado contra a CPMF", disse o deputado Paulo Bornhausen (DEM-SC). Unidas, as duas siglas têm juntas no Senado 30 votos. "Temos certo o voto do PSOL e, no mínimo, de dois peemedebistas, Jarbas Vasconcelos (PE) e Mão Santa (PI). Isso nos daria a vitória", acrescentou Bornhausen. Para aprovar uma proposta de emenda constitucional, são necessários 49 votos favoráveis dos 81 senadores. O DEM fechou questão sobre o tema. O PSDB, não. Caso um acordo futuro não se viabilize, as chances de derrotar a CPMF ficam reduzidas. A aposta, nesse caso, se volta para o cenário político. Como no Senado a correlação de forças é muito equilibrada, qualquer problema na base aliada tende a criar riscos para o governo. O processo contra o presidente Renan Calheiros (PMDB-AL) joga instabilidade sobre a instituição e aumenta o nível de tensão. "O nosso objetivo é criar o clima aqui, esquentar o debate contra a CPMF, para fazer o jogo de resultado no Senado", disse o deputado Antônio Carlos Magalhães Neto (DEM-BA). As declarações dos parlamentares foram dadas no momento em que a Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dava um passo inicial favorável à CPMF. "Aqui na Câmara, não temos número, só podemos aquecer a platéia. No Senado, a batalha é outra", argumentou Bornhausen. O governo quer a prorrogação, mas não quer negociar redução da alíquota nem partilha de receita com Estados, alternativas defendidas pelo PSDB. O prazo inicial da Casa Civil para concluir a votação no Congresso era setembro. Mas dificuldades políticas, ainda existentes, de negociar o apoio da base acabaram atrasando a tramitação. "À luz de muitos argumentos, era muito melhor o entendimento de alto nível com setores da oposição", defendeu o deputado Ciro Gomes (PSB-CE).

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