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Delegado que acusa Palocci nega prática de tortura

Para Benedito Antonio Valencise, a questão da tortura foi uma tentativa de desqualificar seu depoimento à CPI dos Bingos

Por Agencia Estado
Atualização:

O delegado seccional de Ribeirão Preto, Benedito Antônio Valencise, disse nesta sexta-feira que confirma todas as informações ditas na CPI dos Bingos, em Brasília, na última quinta-feira. Inclusive a de que Antônio Palocci, como prefeito do município, teria comandado o esquema de fraude e corrupção no contrato do lixo. Ele negou as acusações de que teria adotado, ou permitido, a prática de tortura de pessoas detidas durante algumas investigações criminosas que comandou. "Foi uma forma de desqualificar o meu depoimento", disse ele, com 30 anos de atividade policial. Ele foi questionado sobre o assunto por senadores petistas ao depor na quinta-feira na CPI dos Bingos. "Quem trabalha, vai à rua, enfrenta os marginais, de forma bastante séria, está sujeito a esse tipo de acusação", emendou o delegado, que espera concluir o inquérito que investiga superfaturamento, peculato, corrupção de agentes públicos, formação de quadrilha e falsidade ideológica entre 30 e 45 dias. Valencise afirmou que, se algum senador tentou coagi-lo ou pressioná-lo, não conseguiu. "Não sei se tentaram, mas se houve essa tentativa perderam tempo porque o meu compromisso é com a verdade; tenho um autocontrole muito grande, sei muito bem me posicionar em qualquer situação", explicou o delegado. "Quem já colocou a vida em jogo em várias situações delicadas, inclusive em troca de tiros com bandidos, não tem receio de qualquer outra coisa", acrescentou ele, informando que os casos apontados por senadores ligados ao governo foram arquivados por falta de provas. Denúncias Dos cinco casos mencionados por senadores petistas, três são de Ribeirão Preto e dois da região de Bauru, onde atuou anteriormente. "Não tive processo contra mim até hoje em relação a tortura ou qualquer tipo de crime; aconteceram acusações que provocaram instauração de inquéritos policiais que comprovaram a inexistência dos crimes, indo ao Judiciário e depois arquivados", afirmou Valencise. Em um dos casos, em Bauru, o delegado informou que a pessoa que o acusou foi condenada a 75 anos de prisão por vários crimes, e no outro, em Barra Bonita, a acusação seria de um traficante de drogas condenado a mais de quatro anos de prisão. Em quase dois anos atuando em Ribeirão Preto, três denúncias surgiram, todas em 2005. Em novembro, algumas pessoas foram presas em flagrante após seqüestrarem o filho de um empresário, seguindo para o Centro de Detenção Provisória (CDP). Em dezembro, depois de um latrocínio, um homem foi detido em flagrante três horas depois do crime. "Não houve esses fatos (torturas). É um absurdo", garante Valencise, que, no primeiro semestre, havia detido em flagrante um delegado da Receita Federal que se recusava a receber materiais eletrônicos apreendidos. O caso ocorreu em uma sexta-feira. Segundo o delegado da Receita Federal, a mercadoria só poderia ser recebida na segunda-feira seguinte. Isso irritou Valencise, que o prendeu.

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