Delegado identifica mais oito ´laranjas´ do caso dossiê

Diógenes Curado, que investiga a compra do dossiê contra tucanos, identificou outras oito pessoas, moradoras em Nilópolis, cujos nomes foram usados pela Vicatur

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Por Agencia Estado
Atualização:

O delegado federal Diógenes Curado, que investiga a compra do dossiê contra tucanos, identificou outras oito pessoas, moradoras em Nilópolis, cidade vizinha a Nova Iguaçu, que também emprestaram nomes e documentos para serem usados pela agência Vicatur. Estas pessoas, entre elas um cabeleireiro, foram arregimentadas por valores que variaram entre R$ 30 e R$ 50, pela própria secretária da Vicatur, Tânia Maria da Silva Barbosa. Ela confessou nesta terça ao delegado Curado ter feito a intermediação entre estes seus conhecidos de Nilópolis e a dona da agência, Sirley da Silva Chaves, que está sendo apontada por Fernando Ribas, o sócio majoritário da Vicatur, como a responsável pelo registro de venda de dólares para "laranjas". Curado está convicto de que precisa de mais prazo para "redirecionar e concluir suas investigações". A única certeza da polícia é a de que a Vicatur usou muitos "laranjas" para registrar a saída de dólares sem identificar os reais compradores do dinheiro americano. Até a próxima segunda-feira, quando vence o prazo que a Justiça lhe deu para as investigações, o delegado terá que apresentar novo relatório ao juiz Jeferson Schneifer, da 3ª Vara federal Criminal de Mato Grosso, resumindo o que descobriu até hoje. Curado também investigou nestes últimos dias os donos de três celulares que teriam feito ligações para um celular de São Paulo que estava em nome de Ana Paula Cardoso Vieira mas, segundo a polícia, seria usado por Hamilton Lacerda, o ex-coordenador de campanha do senador Aloizio Mercadante ao governo paulista, apontado como o homem que levou o dinheiro ao Hotel Ibis. Ele ainda não sabe responder como o dinheiro que saiu da Agência Vicatur, em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, foi chegar ao Hotel Ibis, em São Paulo, onde foi apreendido com os petistas Gedimar Passos e Valdebran Padilha. Em conversa com o Estado neste final de semana, Curado admitiu que também tem dúvidas com relação à parte do dinheiro apreendido e que vem sendo dada como doação de bicheiros do Rio para o caixa dois do PT. Nesta terça-feira, ele ouviu o contraventor Antônio Petrus Kalil, o Turcão, um dos chefões do jogo do bicho no Rio. Segundo o próprio delegado, "ele disse não ter responsabilidade alguma com o dinheiro encontrado em São Paulo e negou taxativamente que tivesse feito contribuições nas eleições para o PT". O delegado, porém, não esclareceu se o bicheiro fez doações para outros políticos. Turcão, ao deixar a Superintendência da Polícia Federal, ironizou: "Não fiz nada, não cometi nada, fui perdoado. Eu só dou contribuições para asilos e hospitais". Sua advogada, Sandra Bretas, afirma que não houve nenhuma contribuição política para qualquer partido. Curado diz não ter dúvidas de que parte dos dólares apreendidos com os petistas no Hotel Ibis, em setembro, saiu da agência de turismo de Nova Iguaçu. Esta certeza poderá ser questionada mais à frente. Nesta terça-feira, Luiz Carlos Fabriani, um dos diretores da Corretora Dillon, confirmou ter comprado dólares do banco Sofisa - que adquiriu na Alemanha as cédulas de dólares apreendidas em São Paulo - para repassá-los à Vicatur. A Dillon, porém, não registrou o número destas notas, o que dificulta a comprovação de que elas passaram por aquela agência. Este texto foi alterado às 21h25 para reordenar informação

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