Delegado da PF vai chefiar força-tarefa

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Por Agencia Estado
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O delegado da Polícia Federal Getúlio Bezerra dos Santos assumirá o comando do combate à criminalidade no Rio de Janeiro. Coordenador-geral de repressão a entorpecentes da PF, ele foi escolhido nesta quarta-feira para chefiar a força-tarefa contra o crime organizado no Rio, em uma reunião no Ministério da Justiça que durou mais de duas horas e meia. O ministro Miguel Reale Junior queria nomear o superintendente da PF no Estado, delegado Marcelo Itagiba, nome vetado pela governadora do Rio de Janeiro, Benedita da Silva. Por sua vez, a governadora queria a indicação do comandante da PM de São Paulo, coronel Rui Cesar Melo. Mas a cúpula da PF não aceitou. Antes de assumir a superintendência no Rio, o delegado Itagiba foi chefe de segurança do então ministro da Saúde, José Serra, hoje candidato a presidente. Itagiba era o preferido do governo por ser antigo chefe de coordenação de inteligência da PF. Reale Junior fez questão de deixar claro que as estratégias para combater a criminalidade estão acima de disputas partidárias para favorecer o PT ou o PSDB com o pacote de segurança. "É necessário pegar o conjunto, não adianta tomar medidas pirotécnicas e pontuais." O ministro reagiu às críticas de que as dez medidas de combate à criminalidade no Rio de Janeiro, anunciadas nesta quarta, não pareciam "enérgicas" como havia defendido o presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, no dia anterior. Reale Junior insistiu em que não há solução a curto prazo para o problema do Rio e disse que medidas pirotécnicas, como invadir os morros atrás de traficantes, só causariam a morte de inocentes. Ele avalia que a criminalidade cresceu por falta de um trabalho de inteligência e prevenção, que será feito pela força-tarefa. O delegado Bezerra também repetiu as palavras do chefe. "Vou trabalhar nas estruturas do crime organizado e não no varejo." Bezerra não escondeu a surpresa com a sua súbita nomeação. "Vim para uma reunião sobre segurança no Rio e o ministro me disse: o senhor foi escolhido por consenso." Ele se apresentou como um técnico, que sempre trabalhou na repressão ao tráfico de drogas. Segundo o ministro, o delegado não comandará as polícias que integram a força-tarefa, mas servirá de ponte entre essas instituições e a esfera federal. Depois que a Prefeitura do Rio foi atingida por mais de 200 tiros, o governo federal resolveu ampliar a força-tarefa que já vinha sendo montada e assumir seu comando. Além dos serviços de inteligência das Forças Armadas, representantes da Receita Federal e do Conselho de Controle de Atividades Financeiras também auxiliarão as polícias no combate ao crime. O presidente Fernando Henrique também editará uma medida provisória prevendo a contratação de 6 mil agentes federais para fazer o policiamento marítimo, aeroportuário e de fronteiras. Essa contratação, no entanto, depende de concurso público e não tem prazo para ser efetivada. Recursos humanos e financeiros não terão limites pré-fixados. O governo poderá remanejar recursos de outras áreas. Da reunião no Ministério da Justiça participaram o general Alberto Cardoso, ministro-chefe do Gabinete de Segurança Intsitucional, e os secretários de Justiça do Rio, Paulo Sabóia, e de Segurança, Roberto Aguiar, além do diretor geral da PF, Itanor Neves Carneiro.

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