Delegação brasileira em Durban tem 154 integrantes

Por Agencia Estado
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Os brasileiros vieram em massa para a 3ª Conferência Mundial contra o Racismo, em Durban, cidade portuária da África do Sul no Oceano Índico. A delegação oficial brasileira, que, na última terça-feira, tinha 45 membros, chegou ontem a 154 integrantes, com a incorporação de dezenas de retardatários. Ao desembarcar na cidade na última hora, a maioria deles enfrentou inesperados obstáculos para conseguir assento na conferência e vaga nos hotéis. "Todos os que tiverem vínculo com o governo, seja federal, estadual ou municipal, serão credenciados", anunciou o diplomata Francisco Luz, coordenador do escritório de apoio à delegação brasileira. Foi essa a orientação que o ministro da Justiça, José Gregori, deu ao chegar à África do Sul ontem. Chefe da missão enviada à conferência, ele quase desistiu da viagem por causa do seqüestro do empresário e apresentador Sílvio Santos, dono do Sistema Brasileiro de Televisão (SBT). "Eu temia que houvesse uma comoção nacional, se o caso não fosse resolvido", disse o ministro. A confusão provocada pela falta de hotéis e pela burocracia, na instalação de tantos brasileiros, deu muita dor de cabeça para Luz. Ele montou uma eficiente logística para instalar os delegados em Zimbali, um sofisticado clube de golfe localizado à beira-mar, a 40 quilômetros do centro de Durban. Luz alojou em chalés-mansões, a 100 dólares por apartamento, quem não conseguiu hotel. É em Zimbali que está hospedada a vice-governadora do Rio, Benedita da Silva (PT). Ela trouxe o marido, o ator Antônio Pitanga, na comitiva de 36 integrantes. Com uma assessoria bem estruturada, Benedita está distribuindo um folder em português, espanhol e inglês, com a fotografia, biografia e um artigo dela sobre a luta pessoal contra a discriminação e a exclusão. A delegação brasileira tem cerca de 20 parlamentares, entre os quais, o senador Geraldo Cândido (PT-RJ). O governador de Alagoas, Ronaldo Lessa (PSB), também era esperado, mas cancelou a viagem por problema de saúde. O desconhecimento da cidade levou vários brasileiros que recorreram a agências de turismo a se hospedar em zonas nada recomendáveis. Alguns têm conseguido remanejamento, mas são casos raros. Durban é uma cidade perigosa para forasteiros, pois os assaltos são freqüentes. Não dá para confiar em motoristas de táxi (que não pegam passageiros nas ruas) e não há transporte coletivo razoável. A psicóloga paulista Edna Roland, presidente do Movimento Fala Preta, hospedou-se, inicialmente, numa reserva florestal, a 83 quilômetros da cidade. Eleita redatora da conferência contra o racismo, Edna transferiu-se para um hotel no centro da cidade. Pelo menos uns dez passageiros vindos de São Paulo perderam as malas entre os Aeroportos Internacional de São Paulo, em Cumbica, Guarulhos, de Joannesburg e de Durban. A Varig e a South Africa conseguiram localizar algumas, mas ainda há gente comprando roupa para entrar na conferência com um visual à altura. Em meio à neurose de quem chegava sem hotel reservado e credencial, funcionários estaduais de Santa Catarina pediram socorro ao governador Espiridião Amin (PPB). O governador telefonou para o Itamarati, mas, naquela altura, o problema já havia sido resolvido pelo ministro da Justiça, responsável pela participação do Brasil. A decisão deixou de fora quem não se enquadrava nesse critério, como sindicalistas e militantes de movimentos de defesa de minorias. Até a manhã de ontem, havia mais de 500 brasileiros credenciados. A maioria deles pertence a ONGs, cerca de 200, que vieram a Durban para os fóruns paralelos à programação da conferência.

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