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Delcídio aciona na Justiça ex-secretário de Zeca do PT

Senador quer saber por que o seu nome aparece em livro que traz lista de beneficiados de suposto esquema comandado pelo ex-governador

Por João Naves e CAMPO GRANDE
Atualização:

O senador Delcídio Amaral e o deputado Antônio Carlos Biffi, ambos do PT de Mato Grosso do Sul, interpelaram judicialmente o ex-secretário de Coordenação-Geral do Estado Raufi Marques e a ex-ordenadora de Despesas da Secretaria de Governo Salete de Luca. Os parlamentares cobraram explicações sobre a inclusão de seus nomes em um livro-caixa que levou o Ministério Público a apontar o "mensalão do Zeca" - suposto esquema de pagamentos a parlamentares em troca de apoio político ao ex-governador Zeca do PT, que comandou o Estado de 1999 a 2006. O caso é investigado por uma força-tarefa de promotores, a partir da apreensão do diário na residência de Salete, em Campo Grande. O advogado de Delcídio e Biffi, Laércio Arruda Guilem, informou que a ação já foi distribuída, com prazo de 48 horas para que Raufi e Salete compareçam ao Fórum Criminal e prestem esclarecimentos. O ex-secretário é apontado pela promotoria como "chefe do esquema". Salete afirmou ao Ministério Público que os nomes e valores foram lançados no livro-caixa a mando de Raufi. A promotoria suspeita que o dinheiro que teria sido pago a parlamentares seria oriundo de caixa 2 com verba de publicidade. O documento contém ainda números das contas e agências bancárias de 25 pessoas. O nome de Delcídio aparece associado a uma quantia de R$ 25 mil - mesma cifra relacionada a Biffi. Na ação, Guilem alega: "A vinculação dos nomes do deputado e do senador nos manuscritos, envolvendo-os nas investigações do Ministério Público, é para suplantar a competência e o foro estadual, bem como desviar o foco das investigações". O advogado afirmou que Delcídio e Biffi "não podem esperar o desenrolar das investigações ou do processo judicial para comprovar a má-fé, a falsidade e o uso indevido dos seus nomes nos manuscritos do ex-secretário de governo". Na semana passada, inconformado com a citação a seu nome, Delcídio rechaçou a suspeita ao destacar as "divergências políticas" entre ele e Zeca do PT. Comparou o documento ao dossiê de Furnas, que circulou em Brasília no auge da CPI do Mensalão, que o senador conduziu. O dossiê, apócrifo, indicava um suposto esquema de corrupção envolvendo tucanos, mas não apresentava prova. O ex-secretário Raufi não foi encontrado para falar sobre a interpelação e Salete só comentará o assunto na Justiça.

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