
16 de dezembro de 2015 | 21h11
O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), teria pedido R$ 52 milhões em propinas para liberar verbas do FI-FGTS para empresas e recebido valores em contas até agora desconhecidas na Suíça e em Israel. A suspeita, baseada no depoimento de dois delatores, consta de documentos da Procuradoria-Geral da República (PGR) obtidos pela revista Época.
Segundo a reportagem, Ricardo Pernambuco e Ricardo Pernambuco Júnior, da empreiteira Carioca Engenharia, que fizeram acordo de delação premiada, disseram à PGR ter transferido valores para o deputado. A PGR diz, de acordo com a revista, que juntou provas de pagamentos de R$ 52 milhões em propina, divididos em 36 parcelas.
A reportagem afirma que os delatores relataram até os centavos de propina que teria sido paga para receber R$ 3,5 bilhões do FI-FGTS para uma obra no Rio. A empresa participava do consórcio do projeto de revitalização Porto Maravilha e esperava a verba para tocar a obra. Os delatores disseram que a propina foi pedida diretamente por Cunha, sem intermediários. A investigação apurou que Ricardo Pernambuco usava o código "túnel suíço" para tratar da propina a Cunha e a transferência de valores para a Suíça.
Ainda segundo a Época, o empreiteiro Léo Pinheiro, da OAS, trocou mensagens diretamente com o presidente da Câmara sobre a liberação de valores do FGTS. As informações foram enviadas ao ministro Teori Zavascki, relator da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), que permitiu as buscas desta terça-feira, 15.
“Seguindo no esquema ilícito, Eduardo Cunha se valia de sua influência sobre Fábio Cleto para aprovar a liberação dos investimentos do FI-FGTS e cobrava valores neste sentido dos empresários interessados”, diz a PGR, conforme a reportagem. Cleto foi indicado por Cunha para administrar as loterias e o FGTS numa diretoria da Caixa Econômica Federal e foi exonerado na semana passada. A revista procurou o advogado Alexandre Garcia de Souza, defensor do presidente da Câmara. Souza disse que não teve acesso ao material e que não poderia comentar.
Encontrou algum erro? Entre em contato
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.