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Defesa diz que Cerveró não deve fazer delação premiada

Advogado argumenta que fatos investigados pela Lava Jato ocorreram após a saída do ex-diretor da Petrobrás e executivo não teria como contribuir com as apurações

Por Erich Decat
Atualização:

Brasília - Preso desde a semana passada, o ex-diretor da área de Internacional da Petrobrás Nestor Cerveró não pretende recorrer à delação premiada. Na avaliação da defesa de Cerveró, não há motivo para ele fazer acordo de colaboração com o Ministério Público Federal e a Polícia Federal, responsáveis pela condução das investigações no âmbito da Operação Lava Jato.

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Até o momento, 11 denunciados nos processos que correm na primeira instância da Justiça Federal no Paraná já fizeram colaboração premiada em troca de atenuantes nas penas. Entre eles, o ex-diretor de Abastecimento da Petrobrás Paulo Roberto Costa e o ex-gerente da estatal Pedro Barusco. Costa, em sua delação, citou 28 políticos como beneficiários do esquema de corrupção. 

“Não acredito que o Nestor possa fazer uma delação. Os fatos da Lava Jato são pós 2008 e o Nestor Cerveró saiu em março de 2008 da Petrobrás. Quem estava na área Internacional de 2008 até agora não era ele. Então, não vejo como o Nestor possa contribuir com relação a esse período. Quem deveria ser ouvido são os sucessores dele”, afirmou Edson Ribeiro, advogado de Cerveró.

Nestor Cerveró, ex-diretor da área Internacional da Petrobrás Foto: Fábio Motta/Estadão - 31.10.2006

Segundo o defensor, embora não tenha previsão de um acordo formal de delação, o ex-diretor de Internacional tem contribuído com as investigações. 

Pasadena. Na semana passada, Cerveró prestou depoimento na sede da PF em Curitiba, onde se encontra preso. Na ocasião, os delegados não o questionaram sobre a compra da refinaria de Pasadena (EUA). 

“Vai ter outro (depoimento) e depois um específico para falar de Pasadena. Neste caso, será feito a pedido dele. Ele quer falar sobre Pasadena”, afirmou Ribeiro. “O engraçado é que nem Ministério Público nem a Polícia Federal quiseram ouvi-lo até agora, só depois da prisão. Mesmo assim, ele foi ouvido na semana passada sem nenhuma pergunta sobre Pasadena.”

No depoimento prestado na quinta-feira, o ex-diretor atribuiu à Diretoria Executiva da estatal, composta por seis diretores e pelo presidente da empresa na época, José Sergio Gabrielli, a responsabilidade pela compra dos navios-sonda de perfuração marítima - negociação que, segundo a força-tarefa da Lava Jato, teria resultado no pagamento de propina de US$ 30 milhões.

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Ribeiro deve apresentar nesta terça-feira, 20, novo pedido de habeas corpus ao Superior Tribunal de Justiça. Um primeiro pedido foi negado pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região, na sexta-feira.

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