Decreto corta 21% da estrutura da Polícia Federal

Assinado no fim de abril, decreto presidencial tira da instituição departamentos estratégicos para o combate ao crime organizado, como o Comando de Operações Táticas e a Diretoria de Inteligência

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Por Agencia Estado
Atualização:

Um decreto presidencial do dia 30 de abril passado atinge diretamente uma área que o governo está tratando como prioridade, que é a segurança pública. O decreto corta 21% da estrutura da Polícia Federal e tira do organograma da instituição departamentos importantes para o combate ao crime organizado, como o Comando de Operações Táticas (COT), o grupo de elite da PF, e a Diretoria de Inteligência (DI). A redução causou revolta dentro da categoria, pelo fato de a Polícia Rodoviária Federal ter tido um corte de menos de 1% em sua estrutura. O diretor da PF, Paulo Lacerda, não foi encontrado para falar sobre o decreto, mas delegados ligados à cúpula da instituição garantem que não houve equívocos na decisão presidencial. "Não pode ter havido erros, já que uma polícia teve um corte substancial, enquanto que outra teve uma redução mínima em sua estrutura. Isso não tem explicação", afirma um delegado lotado na sede da PF em Brasília. "O problema é que o decreto atingiu áreas importantes dentro da política de combate ao crime organizado." Na reorganização do Ministério da Justiça, motivo do decreto presidencial, não aparece dentro da estrutura da PF o Comando de Operações Táticas, um dos setores considerados de grande importância dentro da polícia. São eles, por exemplo, encarregados de transportar presos perigosos, como o traficante Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar. Também são eles os encarregados do gerenciamento de crises em presídios, estradas, e áreas delicadas. Em nenhum momento o COT aparece na nova reestruturação. Uma das áreas mais requisitadas no combate ao crime organizado é a inteligência policial, mas a diretoria encarregada deste tipo de atividade também foi excluída da PF. Pelo menos, desapareceu na nova estrutura, publicada no dia 30 passado no Diário Oficial. "Se acabar a diretoria de inteligência, como ficam os trabalhos que estão sendo desenvolvidos hoje, como no Rio, por exemplo?", indaga um delegado. E é justamente este o temor que existe dentro da PF. O COT, por exemplo, tem a missão de ainda esta semana transferir Fernandinho Beira-Mar para um outro Estado, depois de vencido o prazo de 40 dias em Alagoas. O delegado Daniel Sampaio, chefe do Comando, evitou falar sobre o assunto. Além dos dois orgãos, também ficou fora da estrutura da PF a diretoria de Informática, cujo setor também é importante pelo fato de a Polícia Federal estar desenvolvendo atualmente o Programa de Estruturação Tecnológica (Promotec), financiado pelo governo francês.

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