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Declaração de Stédile é agressão ao Estado de direto, diz ministro

Por Agencia Estado
Atualização:

O ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, considerou um "absurdo inconcebível, um equívoco brutal e uma agressão ao Estado de direito e à democracia" as declarações de João Pedro Stédile, um dos dirigentes do MST, incitando a violência contra os fazendeiros. Segundo o ministro, defender uma ação violenta para a reforma agrária é não ter compromisso com o império da lei, da democracia e da paz. As afirmações de Rodrigues, foram divulgadas por meio de nota, por sua assessoria de imprensa. Para Rodrigues, as declarações de Stédile estão na contramão dos extraordinários avanços econômicos alcançados pelo campo nos últimos anos. O ministro rebate com números a convocação feita por Stédile para que pequenos agricultores e sem-terra "acabem" com os fazendeiros. "A ameaça feita contra os empresários rurais revela total desconhecimento sobre a verdadeira revolução pacífica vivida pelo agronegócio brasileiro" afirmou. ?O campo é moderno e competitivo, mas pacífico e solidário. Nossa guerra é contra a fome e miséria, produzindo comida, empregos e excedentes exportáveis que reduzem a dependência de dólares de fora e contribuem para diminuir a vulnerabilidade da economia brasileira". A seguir, leia a íntegra da nota oficial assinada pelo ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues: "O CAMPO PRODUZ PAZ" A sociedade brasileira foi surpreendida com declarações de representantes de movimentos sociais no campo incitando à guerra contra os produtores rurais. Trata-se de um absurdo inconcebível, um equívoco brutal, e uma ameaçadora agressão ao Estado de Direito e à Democracia. Defender uma solução violenta para a questão agrária é não ter compromisso com o império da lei, com a democracia e com a paz. Tais declarações estão na contramão dos extraordinários avanços econômicos alcançados pelo campo nos últimos tempos. A ameaça feita contra os empresários rurais revela total desconhecimento sobre a verdadeira revolução pacífica vivida pelo agronegócio brasileiro. Basta ler o relatório divulgado pela Organização das Nações Unidas (ONU) há duas semanas, prevendo que o Brasil deverá ser o maior produtor agrícola do mundo num prazo de 12 anos. O agronegócio é o mais importante setor da economia nacional, responde por 27% do PIB, gerando 37% do total dos empregos no Brasil e garantindo o saldo da balança comercial: a extraordinária competitividade determinada pela impressionante modernização do campo produziu um saldo comercial nos últimos 12 meses superior a 24 bilhões de dólares. É, na verdade, o setor que mais incorporou tecnologia nos últimos anos: a área plantada desde 1990 cresceu 14%, enquanto a produção em toneladas aumentou 107%. E tudo isto foi feito suportando o peso imenso de ter que garantir a estabilização da economia e o combate à inflação. Não é por outra razão que foi chamado de "âncora verde" no Plano Real e, hoje, é considerado o grande motor da economia. Pois é este setor, que trabalha dia e noite rasgando a fronteira agrícola, enfrentando o protecionismo externo dos países ricos, abastecendo o povo brasileiro, abrindo mercados estrangeiros na base da eficiência e modernidade, que vem sendo ameaçado por declarações que não podem ter mais vez no mundo democrático que todos almejamos. O campo é moderno e competitivo, mas é pacífico e solidário. Sua guerra é contra a fome e a miséria, produzindo comida, empregos e excedentes exportáveis que reduzem nossa dependência de dólares de fora e contribuem para diminuir a vulnerabilidade externa de nossa economia. O campo quer a Paz, sem o quê perde a confiança para investir e continuar a ser a grande alavanca do desenvolvimento nacional, gerando poupança para a promoção de outros setores da economia. O campo precisa da Paz, até porque qualquer guerra não ficará restrita a ele: terminará invadindo as cidades. O campo quer a reforma agrária para promover a justiça social e compensar os excluídos rurais, vítimas de erros passados, de décadas de descaso para com o setor. Mas é absolutamente imprescindível que esta reforma agrária seja feita dentro da legalidade, com o respeito à Constituição, ao direito de propriedade e à intocabilidade das terras produtivas. O Estado de Direito é a única via para o país seguir avançando. A alternativa a ele é a barbárie. Esta situação não interessa à Democracia e muito menos ao cidadão comum, que acaba sendo a grande vítima de uma eventual quebra do Contrato Social. Não se pode continuar atribuindo atraso ao setor que mais se desenvolveu no Brasil, pelo esforço hercúleo dos produtores rurais. O discurso de que o campo é atrasado é muito mais atrasado: estacionou no século passado, enquanto o setor rural avançou rumo ao terceiro milênio. Paz no campo é a verdadeira saída para o desenvolvimento equilibrado. Preservá-la é uma garantia para atrair investimentos externos produtivos. Reforma agrária sim, mas dentro da Lei. Sem violência."

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