Debatedores recomendam que novo presidente fixe prioridades econômicas

Participantes de debate promovido pela BBC Brasil e pela rádio CBN não preveem dificuldades políticas para implementar mudanças.

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Por BBC Brasil
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Para os participantes do debate "A Riqueza do Brasil - Os Desafios da Economia", promovido nessa segunda-feira em São Paulo pela BBC Brasil e pela rádio CBN, é importante o próximo governo defina logo de início um grupo de prioridades claras e específicas na área econômica. Para o economista e ex-presidente do Banco Central (BC) Gustavo Franco, basta o próximo presidente exercer liderança e definir prioridades para que reformas sejam realizadas. "As eleições ajudam a construir consensos, a aumentar a consciência da população, dão autoridade aos eleitos para tomar iniciativas. As eleições produzem essas grandes ambições, grandes oportunidades, vamos ver se o próximo presidente aproveita", diz. O ex-presidente do BC elogia o fato de PSDB e PT terem demonstrado convergência de pontos de vista sobre a economia nos últimos anos. "Isto facilita o trabalho do próximo governo porque a oposição, seja qual for, terá uma visão parecida com a do governo nas questões macroeconômicas fundamentais. Eu não espero que o próximo governo vá enfrentar uma oposição destrutiva ou negativa", afirma. 'Coalizões bloqueadoras' A exemplo de Franco, o economista do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) Fábio Giambiagi diz que o estabelecimento de poucas prioridades é fundamental no começo do próximo governo. Para ele, uma das lições que ficaram dos anos 1990 é que, se o governo escolher muitas frentes de batalha, provavelmente vai gerar "coalizões bloqueadoras", ou seja, vai fazer com que duas ou mais partes se unam para impedir reformas que atrapalhem seus interesses. Como uma das prioridades, Giambiagi vê a definição de um teto para a expansão das despesas correntes. "É uma medida relativamente simples, no sentido de que seriam dois ou três artigos, seria perfeitamente compreensível pela população e receberia o apoio dos economistas, mas implicaria em uma certa força politica para fazer valer", diz. O diretor do Departamento de Pesquisa e Estudos Econômicos da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Francini, também vê importância no estabelecimento de metas específicas pelo próximo governo. "Quando o governo age no sentido de uma determinação, de um objetivo, isto é captado pela sociedade e pelo mercado. Fica possível prever o futuro se você estabelece uma intenção." Política Falando sobre os temas discutidos no debate, os participantes acreditam que não deve haver grandes dificuldades políticas à aprovação de mudanças econômicas no Brasil nos próximos anos, levando em conta a capacidade que novos governos geralmente têm de impor sua autoridade. "Tudo que foi falado (no debate) é muito crível e prático, ninguém falou nada que seja infactível ou encontre barreiras políticas impossíveis. São coisas complexas em qualquer pais", afirmou. "O Brasil já demonstrou em outras ocasiões que não tem muitos problemas decisórios, uma vez que as urgências e os consensos apareçam", disse. Francini elogia o que classifica como "tranquilidade" no atual processo eleitoral brasileiro. "Ninguém está angustiado se este ou aquele vai ganhar", afirma. Em sua opinião, para um país se tornar grande, sempre existem problemas a ser enfrentados. "Quando pensamos hoje no grande sucesso da China, não pensamos que o governo chinês não enfrenta problemas. Eles têm grandes problemas, assim como nós temos. Tomara que tenhamos competência para enfrentá-los", diz Francini. O debate, realizado no Espaço Reserva Cultural, foi o primeiro da série "O Futuro do Brasil". O segundo encontro, que ocorre no próximo dia 20, tem como tema "A Capacidade do Brasil - O Papel da Educação". Já o terceiro debate, marcado para o dia 27, é intitulado "O Brasil no Mundo - Política Externa e a Defesa do Meio Ambiente". BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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