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Debate político entre empresários está aberto

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Por Agencia Estado
Atualização:

A indústria abriu o debate político, indo contra o pedido do presidente Fernando Henrique Cardoso de adiar a discussão, e começou a cobrar uma definição de qual será o candidato governista, a grande incógnita até agora. Os seis empresários ouvidos pela Agência Estado revelaram que, se o candidato do governo não agradar, não há motivos para não votar em Lula (PT), o nome mais forte da oposição. Disseram também que a governadora do Maranhão, Roseana Sarney, é um "balão de ensaio" do PFL e que dificilmente encabeçará a chapa governista. Mas reconheceram que o partido dela ganhou poder na formação da chapa e está na frente do PMDB para ter o candidato a vice, caso o partido do governador mineiro Itamar Franco não lance candidato próprio. "Não é cedo para começar o debate. Ele tem de estar na rua agora, para que o povo tenha tempo de ler, se inteirar, decidir em quem vai votar. O debate também obriga o candidato a ter um compromisso", analisou Synésio Batista da Costa, presidente da Associação Brasileira dos Fabricantes de Brinquedos (Abrinq). Para ele, a ascensão repentina de Roseana se deve a "uma jogada profissional do PFL" mas que não deve se manter. "O PFL atirou na candidatura à Presidência para pegar a de vice", afirmou. Na visão dele, o candidato do governo deverá ficar mesmo entre o governador do Ceará, Tasso Jereissati (PSDB), e o ministro da Saúde, José Serra, do PSDB paulista. Costa acha que a escolha deve recair sobre o primeiro. "E entre Tasso e Lula, juro que tenho que pensar", disse, ao confirmar que tenderia a votar no petista. Sérgio Haberfeld, presidente da Associação Brasileira de Embalagem (Abre), disse que a coalizão governista deve ter Serra como cabeça de chapa. "E entre o Lula e o Serra, voto no Lula", revelou. "Não sou de esquerda, não sou petista, mas o Lula hoje é o mais coerente", completou. Haberfeld acredita que o governo tem de definir qual será seu candidato o quanto antes, para aumentar suas chances de manter a chave do Palácio do Planalto. Mario Bernardini, diretor de competitividade industrial da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), disse que o jogo do governo hoje é implodir uma possível candidatura de Itamar Franco e deixar a de Ciro Gomes (PPS) sem espaço, deixando-o como candidato "nanico", para centralizar a disputa entre a coligação PFL/PSDB (com possível participação do PMDB) e a oposição. "O quadro mais provável é um segundo turno entre Lula e mais alguém. Lula sai com piso de 30% dos votos", afirmou Bernardini. O diretor, um dos maiores críticos da política econômica do governo dentro Fiesp, disse que não vê como "catastrófica ou ruim" uma eventual vitória da oposição. "A Fiesp não está preocupada com candidatos, mas com propostas de governo", disse. A entidade tem um documento nas mãos do presidente Horácio Lafer Piva para revisão final com as propostas da indústria paulista ao próximo presidente. Piva, que centralizou o debate político dentro da principal casa da indústria do País, discutirá as propostas com todos os candidatos. Um interlocutor de Piva afirmou à Agência Estado que só depois de definida a chapa governista é que a indústria decidirá em que barco vai ficar. "Nós estamos propondo soluções, pontos a serem adotados pelo próximo governo. A indústria será muito mais simpática ao primeiro candidato que entender isso", disse a fonte. ?Candidatos serão colocados contra a parede? O interlocutor disse ainda que os candidatos que passarem pelos corredores da sede da Fiesp na Avenida Paulista serão "colocados contra a parede". "Todos dizem que conseguirão tanto de investimentos, que criarão tantos empregos. Vamos querer saber deles como isso será feito, se isso será realmente viável", disse. Ele faz um mea culpa: "Os meios empresariais também são responsáveis pela falta de alternativas. Mas queremos corrigir isso com essas propostas". O presidente da Associação Brasileira da Indústria da Iluminação (Abilux), Carlos Eduardo Uchôa Fagundes, destoa um pouco do grupo ao afirmar que o governo tem até o primeiro trimestre de 2002 para achar o candidato ideal. "O cenário ainda está muito indefinido, o jogo político está nos bastidores", disse. Para ele, quanto mais candidatos estiverem na corrida eleitoral, mais Lula se fortalecerá. "Mas não acho que será desta vez que ele ganhará", afirmou. Stefanos Anastassiadis, presidente do Sindicato da indústria do Vestuário Feminino e Infanto Juvenil do Estado de São Paulo (Sindivest), acha que "está na hora de se saber quem é que vai jogar do lado do governo". "A indefinição é ruim para todo mundo", analisou. Para ele, embora FHC "mande uma mensagem conflitante", o ministro Serra faz parte do grupo central do PSDB e deve mesmo ser o candidato. "A Roseana pode ser vice, porque qualquer chapa tem de ter alguém do Sul (Serra) e do Norte (Roseana)", avaliou. Para ele, o "fiel da balança" será o PMDB. "Se o PMDB se aliar ao governo, tudo bem. Se cair para o outro lado, desestabiliza tudo. Então, o que o governo vai oferecer para o PMDB, ministérios?", questionou.

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