Debate acirra disputa de candidatos ao comando da Câmara

Candidatos terão duas horas e meia para buscar votos de parlamentares

PUBLICIDADE

Por Agencia Estado
Atualização:

Os três candidatos à presidência da Câmara participam nesta segunda-feira, 29, de um debate na TV Câmara, durante duas horas e meia, em busca de votos dos parlamentares, como do novato Bispo Rodovalho (PFL-DF), ainda indeciso, apesar do apoio de seu partido ao atual presidente, Aldo Rebelo (PC do B-SP). "Estou esperando o debate para me posicionar melhor. Quero sentir qual vai ser o mais contundente nas propostas para recuperação da imagem da Câmara", disse o deputado, fundador da Comunidade Evangélica Sara Nossa Terra. "Meu partido deve ter tido seus ´porquês´ para apoiar Aldo, mas eu não participei dessa decisão. Um dos argumentos é que o Arlindo Chinaglia representa muito o PT, o governo, mas para mim isso é insuficiente", justificou Rodovalho. O debate começa às 11 horas. Arlindo Chinaglia (PT-SP), líder do governo na Câmara, tentará, no confronto com Rebelo e o tucano Gustavo Fruet (PR), ampliar a vantagem sobre os outros dois candidatos, revelada na enquete publicada neste domingo, 28, no jornal "O Estado de S.Paulo". Chinaglia teve 41,8% dos votos dos 416 deputados que aceitaram revelar o voto. Nesta reta final, os petistas lutam para resolver a eleição já no primeiro turno, mas, como revelou a enquete, o mais provável é a realização de um segundo turno entre Chinaglia e Aldo, que teve 27,2% dos votos. Fruet ficou com 19,2% do total. A enquete mostrou que 47 deputados estão indecisos e 2 disseram que votarão em branco. Chinaglia sabe que o apoio de deputados denunciados por suposto envolvimento com o mensalão é seu ponto mais frágil, explorado principalmente por Fruet. Aldo procura defender sua gestão nos últimos dois anos e o tucano relembra, sempre que pode, sua atuação na CPI dos Correios, que investigou o mensalão. A maior cobrança para o tucano é o fato de o ex-líder do PSDB, Jutahy Júnior (BA), ter inicialmente declarado apoio a Chinaglia em nome da bancada. Jutahy recuou em seguida, diante da reação negativa de vários tucanos. Indecisos Reforça a turma dos indecisos o deputado eleito Marcelo Melo (PMDB-GO), que ainda não está totalmente decidido em seguir a orientação do partido pelo voto em Chinaglia. "Temos um grupo de 14 deputados do Centro-Oeste que vamos tomar uma decisão conjunta", diz Melo. Embora reconheça a preferência pelo petista entre os integrantes de seu grupo, Melo diz ter "simpatia pelo Aldo". Os peemedebistas são um dos alvos preferenciais do atual presidente da Câmara. Na última sexta-feira (26), Aldo avaliou que poderá ter metade dos votos da bancada do PMDB, a maior da Câmara, com 90 deputados. Aldo reconheceu que o mais provável é a necessidade de segundo turno e, nesse caso, disse aos assessores que o PSDB será decisivo, o "elemento de desequilíbrio" nas palavras de Aldo. A bancada tucana é formada por 64 deputados. Assim como no PMDB, também no PP existem dissidentes que não aceitam o voto em Chinaglia e preferem Aldo Rebelo. Um dos deputados do PP eleitores de Aldo é Roberto Balestra (GO). "Democracia é isso, no PP não existe fechamento de questão. Estou indo para o sexto mandato, Aldo para o quarto mandato, fiz uma opção por uma questão de amizade. Mas com qualquer um dos três candidatos estaremos muito bem representados", diz Balestra, diplomático. Fora as dissidências, Fruet, Chinaglia e Aldo sabem que esta eleição na vai fugir á regra das traições de última hora, protegidas pelo voto secreto que os três candidatos são unânimes em condenar. Os petistas contam com alguns votos do PFL e do PSB, partidos aliados de Aldo Rebelo. Nas conversas com os parlamentares, Aldo, apesar de governista, tem insistido no "risco" da concentração de poderes nas mãos do PT, que já tem a Presidência da República. Bandeira da ética No debate, Fruet insistirá na bandeira da ética, amparado por sua atuação na CPI dos Correios, que investigou o escândalo do mensalão. O tucano, que tem o apoio do PSDB e do PPS, espera ganhar votos de deputados de outras legendas preocupados com a péssima imagem do Parlamento deixada pela atual legislatura. A eleição do presidente da Câmara e dos outros integrantes da Mesa Diretora será no dia 1º de fevereiro, depois da posse dos deputados. Se houver necessidade, o segundo turno acontece no mesmo dia. Aldo, Chinaglia e Fruet passaram o domingo em Brasília, em reuniões com assessores, conversas por telefone com deputados-eleitores e preparativos para o confronto desta segunda-feira. O debate será dividido em quatro blocos. No primeiro, os candidatos responderão a perguntas da produção da TV Câmara. No segundo, serão questionados por seis jornalistas que cobrem a Câmara. No terceiro, farão perguntas entre si. No último, responderão às perguntas do espectadores, enviadas por e-mail ou por telefone.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.