Debandada de parlamentares cresce e Planalto já reconhece situação crítica

Auxiliares de Dilma e até o ex-presidente Lula reconhecem, em privado, que a perda de apoios deixou o cenário ainda mais desfavorável ao governo no Congresso

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Por Vera Rosa e Tania Monteiro
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BRASÍLIA - Palácio do Planalto e líderes governistas no Congresso consideram que a situação política da presidente Dilma Rousseff no Congresso se agravou de maneira drástica com a debandada de partidos importantes da base aliada.

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A oposição dizia já ter os votos necessários, 342. Na contabilidade do Planalto nesta quarta-feira, havia 188 votos pró-Dilma. O Estado, porém, apurou que Dilma não contava com os votos necessários (171) e que, em privado, o governo reconhecia a situação crítica e apostava nas ausências.

Outro ponto de preocupação dos governistas era o silêncio do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em relação ao Senado. Em conversas reservadas, o presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL), disse que não conversa com o petista desde março. O líder do PMDB, Eunício Oliveira (CE), também afirmou não ter sido procurado por Lula. Nos bastidores, o comentário é que o ex-presidente considera muito difícil barrar a abertura do processo de impeachment na Câmara no domingo. Tudo está sendo feito, porém, para evitar uma “derrota humilhante”. Segundo um auxiliar de Dilma, o Palácio do Planalto não pode ser humilhado porque, se isso ocorrer, não há chance de reverter o cenário no Senado.

Até esta edição ser concluída, o Placar do Impeachment do Estado marcava 332 votos a favor do impeachment e 124 contra. Só nesta quarta-feira, 31 deputados anunciaram mudança de posicionamento, sendo 26 pelo afastamento da presidente. Embora avalie a situação de Dilma como “muito complicada”, Lula não jogou a toalha. Nos encontros que tem mantido com políticos, recorre a uma frase de impacto: “Pense que você será responsabilizado pelo que acontecer neste país”. Mas os movimentos do ex-presidente provocam dúvidas até no Planalto. Na sexta-feira, ao participar de encontro com estudantes e profissionais da Educação, em São Paulo, Lula reiterou críticas a Dilma e à política econômica do governo.

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