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De saída do partido, Alckmin busca ‘tucanos raiz’ e já articula palanque para 2022

Ex-governador mantém uma rotina de conversas com líderes e políticos do interior que seguem 'oficialmente' na base do governador João Doria

Foto do author Pedro  Venceslau
Por Pedro Venceslau
Atualização:

O ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin, que está deixando o PSDB, articula discretamente um palanque para 2022 com antigos adversários e partidos que já estiveram na órbita tucana. Antes mesmo de anunciar por qual partido pretende disputar a próxima eleição, ele mantém uma rotina de conversas com líderes e políticos do interior que seguem “oficialmente” na base do governador João Doria (PSDB), mas que prometem ajudá-lo, de forma velada, a reconquistar o Palácio dos Bandeirantes.

O entorno de Alckmin sabe o quanto é difícil disputar uma eleição contra a máquina do governo, afinal ele chefiou o Executivo paulista por quatro mandatos: pela primeira vez em 2001, quando o então governador Mário Covas, de quem era vice, morreu, e depois, quando venceu as eleições em 2002, 2010 e 2014. Em 2022, porém, o ex-prefeito de Pindamonhangaba estará na oposição – o candidato do governo será o vice de Doria, Rodrigo Garcia.

Alckmin tem mantido conversas com dirigentes e políticos do interior paulista. Foto: Nilton Fukuda/Estadão

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“A maioria do PSDB vai votar silenciosamente no Geraldo, que é a cara do partido. Muitos têm cargos de confiança no governo, mas no fundo estão com ele. O PSDB raiz não vota no Rodrigo Garcia, que nunca foi tucano”, disse o ex-deputado e presidente do PSDB-SP, Pedro Tobias, que também vai deixar o partido. Ele avalia, ainda, que Alckmin não deve ter pressa em anunciar uma nova legenda.

Essa análise é corroborada pelas pesquisas mais recentes de intenção de voto. Segundo o Datafolha, Alckmin lidera entre os eleitores que se dizem tucanos, com 48%, ante 9% de Garcia, que assinou a ficha de filiação ao PSDB em maio, quando deixou o DEM. Nesse mesmo campo, o ex-governador Márcio França (PSB), que foi vice de Alckmin e apoia sua candidatura, teve 34% das intenções de voto no eleitorado do PSDB.

No geral, ainda segundo o Datafolha, Alckmin lidera a corrida com 26%, ante 17% do ex-prefeito Fernando Haddad (PT) e 15% de França. Entre os “alckmistas” esses números criam o clima de expectativa de poder, um elemento determinante para enfrentar a máquina.

“Quem é de fato social-democrata e representa o pensamento da classe média paulista? O Geraldo vai contar com o apoio que ele não perdeu. Está muito claro que o PSDB está perdendo seu histórico. Todos os tucanos históricos com quem converso dizem que o ex-governador representa a construção política do PSDB”, afirmou o ex-deputado Floriano Pesaro, que integra o núcleo político de Alckmin.

Agenda. O PSDB paulista, por sua vez, adotou uma intensa agenda de eventos com o vice-governador, na capital e no interior. “Ele tem todos os atributos de um candidato vencedor e já fez mais de cem reuniões com militantes. Ontem (quarta-feira), estivemos em Santana e na terça em Perus (ambos bairros da capital). Rodrigo esteve em todas as regiões do Estado. Nunca se teve uma militância tão próxima com a base do PSDB”, disse o presidente do PSDB-SP e secretário de Desenvolvimento Regional, Marco Vinholi.

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Pelo cenário desenhado por Doria, seu vice deve assumir o cargo em abril, quando vence o prazo para ele deixar o governo para disputar o Palácio do Planalto. Já de olho na campanha, Garcia tem também participado intensamente de agendas oficiais e inaugurações. 

O PSDB paulista abriu um processo de prévias para a escolha do candidato a governador, mas o prazo de inscrição expirou na segunda-feira passada. Como era de se esperar, Alckmin não se inscreveu. Mesmo sendo candidato único, Garcia pediu que o partido faça “prévias homologatórias” – militantes votarão em novembro para confirmar a candidatura.

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