De la Rúa repreende Cavallo por declarações sobre o Brasil

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Por Agencia Estado
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O presidente da Argentina, Fernando de la Rúa, telefonou nesta sexta-feira a seu colega brasileiro, Fernando Henrique Cardoso, para tentar reduzir o mal-estar causado pelas polêmicas declarações do ministro da Economia, Domingo Cavallo, de que "se o real continuar desvalorizando-se, a Argentina terá que reformular sua relação com o Brasil". Cavallo fez as declarações em tom de ultimato durante um almoço com empresários. Segundo fontes citadas pela agência Notícias Argentinas, antes da ligação telefônica, De la Rúa teria reprendido Cavallo. O presidente teria pedido "mais tato" na relação com o Brasil. A fonte sustentou que, na conversa entre os dois presidentes, as declarações de Cavallo foram relativizadas. O chanceler Adalberto Rodríguez Giavarini também conversou com o chanceler Celso Lafer sobre o affaire Cavallo. "A situação já está perfeitamente esclarecida", disse. Segundo o chanceler, "tanto o ministro Cavallo, como seu colega, o ministro Pedro Malan, sabem das dificuldades que existem para coordenar os aspectos macroeconômicos, mas também da vontade de continuar trabalhando dentro do Mercosul para resolvê-los". Um empresário, no entanto, teve uma visão mais cáustica das declarações de Cavallo. Alejandro Sampayo, presidente da Federação de Indústria Têxtil (FITA), afirmou que os problemas com o Brasil não podem ser discutidos durante um almoço. "Eles precisam ser feitos durante as reuniões do Mercado Comum." Com ironia, Sampayo afirmou que "o que Cavallo diz nos almoços é porque a comida caiu mal no estômago ou porque bebeu demais". Segundo o empresário, a proposta de reformular o Mercosul "foi um arroto".

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