DAC quer menos vôos em aeroportos centrais

Por Agencia Estado
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A Aeronáutica quer reordenar os vôos dos aeroportos centrais de três cidades - Congonhas (São Paulo), Santos Dumont (Rio) e Pampulha (Belo Horizonte) - onde há maior concentração de vôos, transferindo-os para os aeroportos de grande porte. A proposta foi apresentada pelo comandante da Força Aérea, brigadeiro Carlos de Almeida Baptista, aos presidentes das empresas aéreas brasileiras, na última terça-feira. O texto da minuta da portaria do Departamento de Aviação Civil (DAC) desagradou às companhias aéreas. Diante da polêmica, o brigadeiro Baptista deu prazo de 20 dias para as empresas apresentarem sugestões. A portaria, além de limitar o número de vôos nos aeroportos urbanos, permitirá que esses vôos sejam apenas em direção a Estados limítrofes. Uma exceção seria o trecho Congonhas-Brasília, que funciona como uma espécie de ponte aérea. A proposta permite ainda que as companhias criem tarifas diferenciadas, oferecendo aos passageiros preços menores para vôos aos aeroportos mais distantes do Centro. O Sindicato Nacional das Empresas Aéreas (Snea), que considera a mudança equivocada, vai apresentar contraproposta sugerindo que o governo aplique mais recursos nos aeroportos, apressando a modernização dos equipamentos de controle do tráfego, para evitar os freqüentes atrasos. Sugere ainda que o DAC use radares móveis e equipamentos de campanha para facilitar o controle do tráfego aéreo em épocas de congestionamento. O Snea alega que se trata de uma decisão política que mexerá com toda a malha aérea do País e implicará prejuízos para empresas e passageiros. O congestionamento dos aeroportos começou em 1997, quando a TAM, que funcionava como empresa regional, passou a ligar Congonhas com as principais capitais do País. A situação se agravou com a entrada em operação da Gol, em 2001, quando o DAC autorizou que ela operasse a partir de aeroportos centrais. Com a abertura para a Gol, o DAC se viu obrigado a atender ao pedido das demais empresas aéreas. O problema se agravou nos últimos meses, por ocasião da troca de equipamentos de controle do tráfego. A substituição já estaria concluída, se o Ministério da Fazenda tivesse repassado os recursos na época certa. A substituição de cerca de 140 equipamentos ainda vai demorar pelo menos um ano. Na reunião, o comandante da Aeronáutica disse que a decisão de mudar as coisas agora se deve à necessidade de garantir a segurança dos vôos. Ele disse que quer deixar o governo com uma solução para os aeroportos centrais. E teria advertido os presidentes das empresas sobre a necessidade de transferir vôos imediatamente. Outro fator apontado pela Aeronáutica para a necessidade de mudança dos vôos de Congonhas para Guarulhos foi o fato de a Prefeitura de São Paulo ter embargado a obra de expansão do terminal de passageiros do aeroporto central, alegando que é preciso tirar os vôos de lá, para diminuir o ruído e facilitar o trânsito, entre outros pontos. As companhias argumentam que o aeroporto estava lá antes dos prédios e de outros prefeitos liberaram a área para os prédios. Na própria Aeronáutica, há quem condene a liberação do número de vôos para Congonhas, Santos Dumont e Pampulha, ocorrida nos últimos anos, principalmente depois de 2001, modificando uma política que proibia essas ligações. Agora, reconhecendo o erro, a Aeronáutica quer reverter a situação, transferindo novamente os vôos para aeroportos maiores, resolvendo, no caso de Confins (MG) e até do Galeão, no Rio, o problema de superdimensionamento. Confins, por exemplo, tem estado às moscas, e o Galeão também está ocioso, principalmente porque quem vai para a zona sul evita ter de passar pela perigosa Linha Amarela.

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