Ao celebrar a missa de 7º dia em intenção ao governador Mário Covas na noite desta terça-feira, o cardeal arcebispo metropolitano de São Paulo, dom Cláudio Hummes, disse que o grande desafio para a classe política é conciliar a política e a ética. ?Sabemos que a corrupção é uma chaga na política e na vida política?, afirmou ele durante a celebração, encerrada às 21h30 no ginásio coberto do Ibirapuera. D. Cláudio citou uma frase de Covas como paradigma do pensamento a ser seguido: "A verdade será sempre a minha arma política. Afirmo sem vacilar que é possível conciliar política e ética, política e honra e política e mudança". O cardeal homenageou o governador, morto às 5h30 do último dia 6, após uma longa luta contra o câncer, dizendo que ele é um exemplo a ser seguido pelos políticos e cidadãos. Encerrada a missa com uma chuva de papel branco, dona Lila Covas, viúva do governador, passou a presidência do Fundo Social de Solidariedade à primeira-dama Maria Lucia Ribeiro Alckmin. Muito emocionada ao receber um buquê de flores de sua antecessora, Maria Lucia chorou muito, sendo amparada pelo governador Geraldo Alckmin. Dona Lila e a maioria da família usavam roupas brancas. A missa reuniu 5 mil pessoas, de acordo com funcionários do governo do Estado, o que representa metade da capacidade do ginásio. Todo o secretariado, amigos, políticos e autoridades acompanharam a celebração, que, além d. Cláudio, reuniu 43 religiosos e foi iniciada às 19h45. O rabino Henri Sobel, da Congregação Israelita Paulista, arrancou palmas da multidão em dois momentos. Primeiro, quando disse que, ao contrário do que se costuma dizer, há, sim, algumas pessoas insubstituíveis ? como Mário Covas. O segundo momento foi quando fez uma comparação da morte de Covas com a partida de um barco. "Ele se foi no oceano, um barco grande, forte, poderoso. Vai ficando pequenino, no horizonte, mas na verdade continua grande; a gente é que o vê pequeno. E, enquanto dizemos adeus, do outro lado alguém o vê aproximar e fica feliz por ele estar chegando." Os ministros da Saúde, José Serra; da Educação, Paulo Renato de Souza; a prefeita Marta Suplicy e o governador de Sergipe, Albano Franco, também estavam presentes. Na oferenda, vários segmentos da sociedade fizeram uma homenagem ao trabalho do governador paulista. O líder do MST, José Rainha, levou uma enxada ao altar, em agradecimento aos assentamento feitos por Covas no Estado. Idosos, agentes comunitários e bolsistas das frentes de trabalho também levaram simbolicamente oferendas em homenagem ao governador. Militantes do PSDB leram frase ditas por Covas que simbolizam sua trajetória política.