CUT ataca tucanos e defende reeleição de Lula

Este foi o tom do ato político da Central Única dos Trabalhadores (CUT), que ocupou hoje à tarde pouco menos de uma hora da festa do 1.º de Maio que a entidade promoveu na Av. Paulista

PUBLICIDADE

Por Agencia Estado
Atualização:

A defesa da reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e as críticas à oposição, em especial ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e aos pré-candidatos à Presidência da República e ao Governo de São Paulo pelo PSDB, Geraldo Alckmin e José Serra, respectivamente, marcaram o ato político da Central Única dos Trabalhadores (CUT), que ocupou hoje à tarde pouco menos de uma hora da festa do 1.º de Maio que a entidade promoveu na Av. Paulista. Na retórica que se repetiu em sete dos oito discursos ouvidos durante o ato, os dirigentes da CUT exaltaram "os avanços do país nos últimos quatro anos" em comparação ao "governo entreguista, reacionário e preocupado com as elites" dos tucanos. A platéia, no entanto, demonstrou muito pouca empolgação com os discursos. Parecia conformada com a pequena pausa entre as baterias de shows populares. Os discursos mais inflamados (que eram também os mais estridentes e demorados) até mereceram vaias. As falas só recebiam alguns aplausos ao final, quando eram encerradas com palavras de apoio à reeleição de Lula, mas ficava difícil distinguir se o público estava aplaudindo a proposta eleitoral ou o fato de ter se encerrado mais um discurso. A única manifestação que fugiu um pouco do script foi a do presidente da CUT São Paulo, Edílson de Paula,que chamou três funcionários ao palco para homenagear quem trabalhou na montagem e manutenção da estrutura da festa. "Quem fez tudo isso foram os trabalhadores ou não foram?", questionou. Mais uma vez, poucos aplausos. João Felício, presidente nacional da CUT, proferiu em tom inflamado frases como "nós trabalhadores reconhecemos os avanços do governo Lula", citando a Bolsa Família, ou pedindo cuidado para "os conservadores, reacionários e entreguistas não voltarem". Ao lado de Marta Suplicy e Aloizio Mercadante, Felício defendeu o segundo mandato de Lula, usando como argumento o fato do PT ser "o que há de mais ético na política nacional". "Nós sabemos o que é melhor para nós", continuou. "É melhor o Lula que qualquer candidato tucano", finalizou. Outra vez a relativa indiferença da platéia, já retomando o fôlego para a retomada dos shows. "A CUT faz a festa, traz os artistas, mas não abre mão desse momento de reflexão para o trabalhador entender o que está acontecendo", argumentou Edílson de Paula. O tradicional vermelho da CUT deu lugar ao verde amarelo - inclusive no palco e nas bexigas lançadas durante o hino nacional, que foi tocado pela Orquestra Bachiana Jovem, formada por 35 jovens da periferia da capital paulista e que foi regida pelo maestro João Carlos Martins. A organização justificou a escolha das cores por ser ano de Copa do Mundo de futebol. No ato político, mais uma vez predominou o verde e amarelo. Cerca de três dezenas de manifestantes empunhavam bandeiras do MR8 (Movimento Revolucionário 8 de outubro - favor checar) e da CGTB (Central Geral dos Trabalhadores do Brasil). Destoava uma única bandeira do PT, que perdia até para o PcdoB, com quatro bandeiras no ato. Embora com poucos representantes no palco, a CUT garantiu a hegemonia governista no palanque. O senador Aloizio Mercadante (PT), a ex-prefeita Marta Suplicy (PT), os deputados federais Vicentinho (PT) e Jamil Murad (PcdoB), e o prefeito de Guarulhos Eloy Pietá (PT) foram alguns dos políticos presentes. Nenhum se pronunciou, mas foram amplamente afagados nos discursos. Paulo Frateschi, presidente do PT paulista, representou o partido no palanque. Foi breve, ressaltando a transferência de renda para os brasileiros promovida pelo atual governo. Uma vez mais, o número de pessoas participantes da festa foi motivo de discordância entre a organização e a Polícia Militar. O presidente da CUT, João Felício, estimava a vinda de um milhão a um milhão e meio de pessoas. A polícia, 500 mil. "Concentrados na Paulista, no máximo, 250 mil pessoas", disse o coronel Salgado, da Polícia Militar. "De helicóptero observamos muita gente no hotel dos artistas e circulando, chegando ou deixando o evento. Então, exagerando, dá pra dizer que 500 mil pessoas estiveram por aqui hoje". Até o início da noite, a PM não havia registrado nenhum incidente. "Um grupo de punks ainda tentou vir pra cá causar confusão, mas seguimos as medidas de segurança e eles foram para a (praça da) República", comentou o coronel.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.