Cúpula vai trabalhar para 'reorganizar' PSDB, diz tucano

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Por CAROL PIRES
Atualização:

Com a desistência da pré-candidatura do governador de Minas Gerais, Aécio Neves, à Presidência da República, a cúpula do PSDB trabalhará durante as últimas semanas do ano para "reorganizar o partido", informou o secretário-geral da legenda, deputado Rodrigo de Castro (MG). O parlamentar e o presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), irão montar nos próximos dias um calendário de viagens que farão juntos, de janeiro a março. Apesar da agenda complicada do governador de São Paulo, José Serra, a ideia é levar o pré-candidato a todas essas viagens, para expor a imagem do tucano. Como Aécio Neves ocupou, nos últimos meses, a função de articulador nos Estados do Norte e do Nordeste, onde o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem mais força, os tucanos avaliam que será indispensável a presença de Serra nesses locais. "É claro que vai crescer a exposição do nome José Serra porque ele é o nome que o partido apresenta, diferente de antes, quando tínhamos duas opções", resume Sérgio Guerra.Em contrapartida, para afagar o governador mineiro, o PSDB realizará uma reunião da Executiva em Belo Horizonte e, assim, pretende deslocar as lideranças do partido até o ninho de Aécio. Segundo interlocutores da legenda, o propósito é mostrar que, mesmo sem o governador como postulante à Presidência, os mineiros são importantes para o projeto do PSDB.Nos meses em que ficará enclausurado em Minas Gerais, Aécio deve trabalhar para fazer do vice Antonio Anastasia seu sucessor no governo estadual. Só voltará a se mobilizar nacionalmente em prol da legenda quando o candidato à Presidência for anunciado formalmente, o que deve ocorrer apenas em março. No Estado, Aécio também deve pavimentar sua vaga ao Senado. Segundo um aliado do governador, ele sequer aceita discutir entre amigos a hipótese de ser vice numa chapa puro-sangue com José Serra. "Este assunto só está em discussão na imprensa. Vice é um assunto para o segundo capítulo", diz Guerra. ViagensNas viagens que ainda serão programadas, os tucanos tentarão resolver os problemas regionais. No Ceará, segundo um parlamentar do partido, o senador Tasso Jereissati resiste em ser o candidato ao governo. O PSDB também está sem palanque no Rio de Janeiro, uma vez que Fernando Gabeira, do PV, trabalhará pela campanha de Marina Silva à sucessão de Lula. Sem um postulante natural, Gabeira era a alternativa tucana no Estado.Sem o apoio do PV, os tucanos trabalham com duas alternativas, de acordo com o deputado Rodrigo de Castro. Uma seria lançar o ex-prefeito César Maia, do DEM, ao governo estadual. Outra possibilidade seria "construir um candidato" a partir de um deputado federal de expressão. Os nomes em discussão são os da deputada Andreia Zito, e dos deputados Otávio Leite e Marcelo Itagiba, que recentemente saiu do PMDB e ingressou no PSDB.Nos demais Estados, como no Paraná, onde o PSDB tem dois pré-candidatos - o senador Alvaro Dias e o prefeito de Curitiba, Beto Richa - Rodrigo de Castro disse esperar que a solução se dê por acordo entre os dois postulantes. "O diálogo entre eles está cada vez maior e já foi avisado ao partido que os dois chegarão a um consenso. O partido está tranquilo quanto a isso."A primeira parada da caravana tucana mais perto de ter uma data definida é Teresina, no Piauí. Lá, o partido realizará um seminário sobre infraestrutura. O encontro deveria ter ocorrido no último dia 11, mas foi desmarcado porque José Serra viajou a Copenhague e Sérgio Guerra ficou doente, sem poder comandar o encontro. O seminário será remarcado para a segunda quinzena de janeiro.

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