Cúpula 'que decide' mantém silêncio na convenção do PMDB

O senador Jader Barbalho, o ex-ministro Edison Lobão e o ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, evitaram os holofotes

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Foto do author Adriana Fernandes
Foto do author Leonencio Nossa
Por Adriana Fernandes e Leonencio Nossa
Atualização:

BRASÍLIA - Um grupo do PMDB chegou quase invisível, no final da manhã desta sexta-feira, 11, à convenção nacional do partido. Enquanto claques pagas por estrelas que buscam espaço na legenda, como a senadora Marta Suplicy (SP) - que chegou dando pulinhos em meio ao grito de seus contratados -, velhos conhecidos dos bastidores do poder, como o senador Jader Barbalho (PA), o ex-ministro Edison Lobão e o ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, evitavam os holofotes e tentavam se desvencilhar das perguntas sobre a difícil equação de um partido com grande número de cargos no governo e a proposta de uma moção, ainda quenão decisória, para deixar a gestão da presidente Dilma Rousseff. 

Os peemedebistas mais silenciosos formam o setor na legenda que realmente decide, observavam alguns militantes. Os integrantes do PMDB "invisível" preferiram entrar pelas portarias dos fundos e votaram às pressas tentando, no máximo, atender a pedidos de selfies de vereadores e deputados estaduais. 

Peemedebistas se dividem entre apoio e críticas ao governo da presidente Dilma Rousseff durante a convenção nacional do partido, que ocorre em Brasília Foto: André Dusek/Estadão

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"Vamos esperar", disse o ministro Eduardo Braga sobre os cargos que o partido possui no governo. Ele demonstrou desconforto diante da pergunta se a espera era pelo fim do governo. "Não falo sobre o que o governo está tratando", disse, sem mais detalhes.

Braga só resolver falar mesmo quando questionado sobre a ausência nos discursos de soluções para a crise econômica que se aprofunda e ameaça a retomada do crescimento nos próximos anos. "É poderiam falar. Mas o PMDB tem um programa econômico, não é?"

O senador Garibaldi Alves (RN), que tem aliados em cargos da máquina federal no seu Estado, disse em entrevista que, sem uma decisão agora, pelo menos terá 30 dias para pensar em decisões drásticas do partido. Nunca vi uma situação destas. Aliás, nessa confusão toda, fico preocupado que 30 dias vai passar rápido como três dias."

No palco, uma legião de peemedebistas brigava por espaço diante dos holofotes. Quando a comitiva integrava pelo vice-presidente Michel Temer, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, e o ex-presidente da República José Sarney, o locutor pediu um demorado "por favor" para descer os que não tinham mandato eletivo ou não disputariam as eleições. Ninguém desceu. "É uma questão de segurança", implorou o locutor, que deixou o palco para dar o "exemplo".

Embaixo, Barbalho, Lobão e Braga. "Minha filha, há hora de falar e de calar. Esta hora é de ter juízo", disse Barbalho, que tem um filho, Helder, no cargo de ministro dos Portos. Minutos depois, o vice Michel Temer deixava o auditório cercado de uma multidão de jornalistas e assessores, que gritavam "presidente", presidente".

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