Cúpula do PSDB espera que Serra dispute em SP

Por Agencia Estado
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O líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio Neto (PSDB-AM), deixou clara na noite desta segunda-feira a expectativa da cúpula nacional do PSDB para que o presidente do partido, José Serra, seja o representante tucano na disputa pela reeleição da prefeita Marta Suplicy (PT). "Vejo o partido depositar grande esperança para que Serra reveja sua posição de não ser candidato este ano", afirmou. "Seria uma candidatura extremamente forte, que largaria na frente, mas isso vai depender dele e tratamos o assunto com cuidado para não criar constrangimentos." Os tucanos juravam que o assunto não seria tratado no jantar de ontem, oferecido pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso às cúpulas do PFL e do PSDB, mas previam no mínimo algumas provocações a Serra, em tom de brincadeira. A questão é estratégica, não apenas por tratar-se da cidade mais importante do País. Decidido a ter seu próprio representante na corrida, o PFL admite coligar-se ao PSDB se tiver Serra como cabeça de chapa. Os rumos do PSDB em São Paulo eram mantidos até agora como questão exclusiva do diretório municipal e do governador Geraldo Alckmin, mas o grau de ansiedade do comando do partido, especialmente dos congressistas, está quebrando essa fronteira. "Serra é um grande nome, com grande capacidade administrativa, e o partido estaria unido em torno dele", afirmou Virgílio, referindo-se aos quatro pré-candidatos inscritos na seleção interna: o ex-presidente do PSDB, José Aníbal, o secretário de Segurança do governo paulista, Saulo de Castro Abreu Filho, e os deputados Walter Feldman e Zulaiê Cobra. "Acredito no amadurecimento das coisas (o aceno positivo de Serra)." Virgílio ressaltou que o prazo razoável para a decisão do partido sobre seu candidato seria logo após a Semana Santa. "Está na hora de o partido desencavar a caveira de burro aqui em São Paulo e governar a cidade." Estratégia comum no plano nacional O jantar na casa de Fernando Henrique, do qual participariam Serra, Virgílio, Alckmin, o presidente do PFL, Jorge Bornhausen (SC) e o ex-vice-presidente Marco Maciel, entre outros, deveria selar a estratégia comum de tucanos e pefelistas na oposição ao governo Lula, bem como parcerias às eleições de outubro. Já existe uma atuação conjunta, mas os caciques querem integrá-la de fato, com um fórum único de decisão. "Essa coordenação pode melhorar", destacou o secretário o secretário da Casa Civil de São Paulo, Arnaldo Madeira. Ele ressaltou que a candidatura Serra não seria tocada. "Vamos discutir a questão nacional, como os partidos podem caminhar juntos em todo o País." A proibição de alianças com o PT nas capitais certamente estaria no cardápio. No fim de semana, o governador Aécio Neves e o senador Eduardo Azeredo mostraram insatisfação com a imposição de uma norma nacional sobre as conjunturas locais. PSDB e PT negociam em Belo Horizonte uma aliança pela reeleição do prefeito petista Fernando Pimentel. "O partido tende para isso (a proibição) e eu aprovo", declarou Virgílio. "As alianças nas capitais podem confundir a cabeça do eleitor e esse é um problema estratégico." Ele negou que Aécio tenha contestado a orientação do partido e acredita que a medida, na realidade, trará "alívio": "Assim os governadores podem dizer aos petistas que a ordem é do partido."

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