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Cúpula de empreiteira é denunciada

Procuradora acusa executivos da Camargo Correa por remessas ilegais e fraudes financeiras

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Por Fausto Macedo
Atualização:

A Procuradoria da República denunciou criminalmente à Justiça Federal um grupo de executivos da Camargo Correa, alvo da Operação Castelo de Areia - investigação da Polícia Federal sobre suposto esquema de remessas ilegais de recursos para paraísos fiscais. Com base em documentos apreendidos na sede da empreiteira e no cruzamento de interceptações telefônicas, a procuradora Karen Louise Jeanette Kahn, autora da denúncia, concluiu pela existência de "articulada e sofisticada organização criminosa operada por doleiros e diretores do Grupo Camargo Correa" para simulação de importações, câmbio ilegal, evasão de divisas, fraude contra o sistema financeiro e lavagem de dinheiro. Segundo o Ministério Público Federal, os executivos teriam a intenção de ocultar "recentes e constantes superfaturamentos em obras públicas". Irregularidades contratuais foram apontadas pelo Tribunal de Contas da União (TCU) e resultaram em ações de improbidade em vários Estados. A procuradora cita seis casos. O principal é o da Refinaria Abreu e Lima, em Recife - o TCU apontou 12 irregularidades. As outras obras sob investigação são a do Metrô de Salvador, a ampliação do aeroporto de Vitória, a implantação de trens urbanos em Fortaleza, o terminal de passageiros Timbi (PE) e a modernização do trecho Rodoviária-Recife-Cabo, do sistema de trens do Recife. "Tais registros se mostram, por si só, como graves precedentes de conduta da Camargo Correa, diante da indicação de sua reiterada prática financeira irregular", assinala Karen. Esta etapa da apuração poderá se transformar em nova acusação. A defesa da empreiteira nega desvios. "As dúvidas que possam pairar sobre as obras serão todas devidamente esclarecidas", declarou o criminalista Antonio Claudio Mariz de Oliveira. Na denúncia perante a 6ª Vara Criminal Federal de São Paulo, três executivos (Pietro Francesco Giavina Bianchi, Dárcio Brunato e Fernando Dias Gomes) são acusados de fraude contra o sistema financeiro, evasão de divisas, lavagem de dinheiro e quadrilha. Outro dirigente, Raggi Badra Neto, e as secretárias Marisa Berti Iaquinto e Darcy Flores Alvarenga foram denunciados por evasão e quadrilha. Quatro supostos doleiros - Kurt Paul Pickel, José Diney Matos, Jadair Fernandes de Almeida e Maristela Sum Doherty, ou Maristela Brunet - são acusados por operação de instituição financeira ou de câmbio ilegal, fraude financeira, evasão, lavagem e quadrilha. Pickel tinha "papel preponderante", pois indicava contas no exterior. Usava nomes de animais quando se referia a pessoas e cotação de moedas.

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