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Cunha: Reforma administrativa é pífia para economia e não implica em solidez na base do governo

Presidente da Câmara diz que cortes são simbólicos e que mudança trouxe 'para o centro do poder a corrente do PT que havia sido afastada'

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Por Carla Araujo
Atualização:

BRASÍLIA - O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), disse nesta sexta-feira, 2, que a reforma ministerial apresentada hoje pela presidente Dilma Rousseff "é pífia" para reativar a economia e não implica necessariamente em uma solidez na base do governo. "Não mudou nada no PMDB, não é por causa dessa reforma, por dar mais ministério ou menos, que passou a ter mais PMDB dentro do governo", disse. "Eu acho que o governo deu um primeiro sinal de mostra de economia. Ainda pífio. Insuficiente do tamanho do rombo das contas públicas", completou.

Cunha disse ainda que a decisão de cortar 3 mil cargos comissionados e reduzir em 10% o salários de ministros e da presidente é "simbólica". "Não tem efeito econômico. O conjunto é tentar mostrar que vai reduzir custo e tentar mostrar uma consolidação da base. Para efeito da sua base aqui eu não vi grande mudança", reforçou.

O presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB/RJ) Foto: André Dusek/Estadão

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Durante o anúncio da reforma a presidente Dilma, que ampliou o espaço do PMDB na Esplanada dos Ministérios, disse que, se o governo errou, é preciso consertar os erros, mas que, para isso, é preciso estabilidade política para que o País volte a crescer. "Precisamos colocar os interesses do País acima dos interesses partidários", disse. Segundo ela, o redesenho busca construir um ambiente de diálogo e respeita os partidos. "Fazem parte da coalização que me elegeu e têm direito de governar comigo", afirmou, ressaltando que essa coalizão está agora mais equilibrada. "Governos de coalizão, como o meu, precisam de apoio do Congresso."

Para Cunha, o êxito da tentativa da presidente não é garantido. "Pode ser que eles consigam no conjunto da obra melhorar o relacionamento com a parte que estava insatisfeita, mas pode ser que não. Isso aí é uma coisa que só o tempo vai responder", disse. "Mas não é pela reforma em si que se possa dizer que deu solidez da base."

O presidente da Câmara afirmou ainda que o que pode ocorrer dentro da política interna do governo é o retorno de privilégios ao PT. "Essa reforma serviu para dar uma guinada e voltar para o centro do poder a corrente do PT que havia sido afastada", disse.

Cunha reafirmou que sua posição é a de que o partido deveria ter deixado o governo e disse que se associa ao grupo de parlamentares do PDMB que ontem soltou uma nota repudiando a "barganha" do partido por cargos. "Houve uma dura manifestação ontem de um terço da bancada que não quer ficar com o governo, a qual eu até me associo", disse. 

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