Brasília – O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), prometeu nesta quarta-feira, 21, analisar com “toda isenção” o novo pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff protocolado hoje por líderes da oposição. “Vamos processar dentro da normalidade e legalidade”, afirmou o peemedebista, em breve discurso em seu gabinete ao lado de mais de dez integrantes de DEM, PSDB, PPS e SD, após receber a petição.
A petição e as justificativas chegaram à Câmara em três grandes pastas azuis, carregadas pelos parlamentares oposicionistas em um carrinho de ferro. Elas foram levadas à sala de reuniões do gabinete da presidência da Câmara, onde foram colocadas na mesa com uma bandeira do Brasil assinada por deputados da oposição e outros apoiadores do impeachment. O pedido foi elaborado pelos juristas Hélio Bicudo e Miguel Reale Júnior e pela advogada Janaina Paschoal e conta com apoio de 45 movimentos da sociedade civil.
Em rápido discurso no local, o líder do PSDB na Câmara, Carlos Sampaio (PSDB-SP), afirmou que esse não era um movimento da oposição, mas uma "causa da população". Segundo o tucano, o PT “se notabilizou” por ter dois dos seus ex-presidentes presos (José Genoíno e José Dirceu), bem como um tesoureiro - tanto Delúbio Soares quanto João Vaccari Neto foram detidos, respectivamente por condenações no mensalão e no esquema investigado pela Operação Lava Jato. “É um partido com a marca da corrupção, e o governo da presidente Dilma também tem a marca da corrupção e da mentira”, disse Sampaio.
Representando os três juristas que apresentaram o pedido, a filha de Hélio Bicudo, Maria Lúcia Bicudo, afirmou que o pedido de afastamento de Dilma apresentado nesta quarta-feira é “para o bem” do País. Ela defendeu que, em meio à crise pela qual o Brasil passa, os jovens precisam usar suas energias para pedir mudanças. “Como diria Ulysses Guimarães, a praça pública é maior que as urnas”, afirmou. Bicudo rompeu com o PT há uma década e tem sido crítico contumaz do partido, mas alguns de seus filhos discordam dessa postura e acham que o pai, de 93 anos, estaria sendo "usado" pelos movimentos pró-impeachment.