Cunha diz que carta de Temer é 'largada' da saída do PMDB do governo

Presidente da Câmara endossa críticas à presidente Dilma Rousseff e reafirma que relação de seu partido com o Planalto tem que ser discutida

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Por Igor Gadelha
Atualização:
O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) Foto: Dida Sampaio|Estadão

Brasília - O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), avaliou nesta terça-feira, 8, que a carta enviada na segunda pelo vice-presidente Michel Temer à presidente Dilma Rousseff é a "largada" para saída do PMDB do governo. Para o peemedebista, o texto de Temer "marca" um posicionamento de distanciamento do PMDB do governo. Cunha, contudo, não quis se manifestar sobre a atuação de uma ala do PMDB para destituir o líder da sigla na Casa Leonardo Picciani.

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Para Cunha, a carta foi a "expressão" de uma série de fatores por meio dos quais Temer entende que há um "menosprezo" da situação dele como vice-presidente e um "juízo político" de que o PMDB "não merece a confiança de quem está no poder". "Então, o que ele colocou na prática é o juízo daqueles que defendem o afastamento do PMDB do governo", afirmou.

Cunha voltou a defender que a relação do PMDB com o governo tem de ser discutida, independentemente do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, considerado pelo presidente da Câmara como algo "constitucional". "Independentemente do processo de impeachment, essa carta é uma largada para a saída do PMDB do governo", disse.

No texto enviado na segunda, Temer relata uma série de episódios que demonstrariam a "absoluta desconfiança" que Dilma sempre teve e terá em relação a ele e ao PMDB. Cunha ressaltou que muitos desses pontos ele já vinha colocando publicamente. "Eu mesmo cansei de vir aqui, quando ele (Temer) estava na coordenação política, falava para vocês que havia uma sabotagem a ele na coordenação política", comentou. 

Apesar do tom contra o governo, Cunha evitou comentar a articulação de ala da bancada do PMDB na Casa para destituir o líder do partido, Leonardo Picciani (RJ). Como mostrou mais cedo o Broadcast Político, peemedebistas pró-impeachment estão colhendo assinaturas para tentar derrubar o peemedebista. 

"Sobre isso não faço comentário, porque é atividade partidária e não poso comentar atividade como presidente", afirmou Cunha. O peemedebista, que foi líder do partido na Câmara até o ano passado, disse que não tem emitido opinião sobre o processo e destacou que não tem interferido no andamento da liderança do PMDB desde que assumiu a presidência da Casa.

Como mostrou mais cedo o Broadcast Político, deputados da bancada do PMDB descontentes com Picciani passaram a colher assinaturas para tentar destituir o líder desde que ele sinalizou que só indicaria deputados pró-governo para a Comissão Especial na Câmara que dará parecer sobre o impeachment da presidente Dilma Rousseff. 

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Para que consigam destituí-lo, eles precisam de 34 assinaturas, ou seja, de mais da metade dos 66 deputados do PMDB. Deputados ouvidos pelo Broadcast Político afirmam que a carta enviada por Temer teria "turbinado" o movimento de parte da bancada do PMDB para destituir Picciani. 

Bastidores. Apesar de Cunha não ter comentado o assunto em entrevista coletiva, nos bastidores, aliados do peemedebista afirmam que o presidente da Câmara teria dito que, se precisasse de apenas um assinatura para completar as 34 assinaturas necessárias, poderiam contar com o apoio dele.

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