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Crivella investe contra 'atraso civilizacional' no Rio

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Por Redação
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Com tom de missionário religioso na África, onde viveu por dez anos, o senador e candidato à prefeitura do Rio Marcelo Crivella (PRB) acredita ter como desafio vencer o "atraso civilizacional" da cidade. Sabatinado pelo jornal O Estado de S. Paulo, nesta quinta-feira, o candidato utilizou diversas vezes a expressão, que relembra antigos discursos colonizadores e positivistas. Para cumprir a missão, Crivella promete distribuir subsídios para a construção de casas populares, em terrenos federais às margens da Avenida Brasil e dos trilhos da Supervia, e até para a recuperação dos clubes de futebol. Ele não esconde suas inspirações. No setor de transportes, planeja copiar o modelo paulista de bilhete único, criado pela administração petista de Marta Suplicy, além de elogiar os sistemas de trânsito da Colômbia e da capital paranaense. No marketing político, Crivella afirmou ter imitado o modelo da "Carta ao Povo Brasileiro", divulgada pelo presidente Lula nas eleições de 2002, sob orientação do publicitário Duda Mendonça, que também está à frente de sua campanha. Sobre um tema polêmico para a cidade, a desordem urbana, o candidato pretende resolver o problema da proliferação de população de rua e camelôs com a criação de uma "zona franca social". O projeto consistiria na formação de cooperativas de moradores de favelas para fornecer equipamentos, móveis e uniformes para a prefeitura. A zona franca social funcionaria -- frisa Crivella -- apenas em comunidades longe da Zona Sul. Bispo licenciado da Igreja Universal do Reino de Deus, o evangélico prometeu que a política municipal não sofrerá influência de sua religião. Na próxima semana, ele anunciará os principais nomes do seu secretariado, caso seja eleito. "Peço compreensão dos membros da minha Igreja, mas não chamarei nenhum para ser secretário. Buscarei os melhores técnicos", afirmou ele. Em seguida, flexibilizou: "Pode até ter um evangélico como secretário, mas não será porque é evangélico". Com bom humor, o candidato disse que não patrulhará o estilo do carnaval carioca, mas também não desfilará. Crivella garantiu estar disposto a conviver com representantes de outras religiões e homossexuais. A lei que regulamenta a união estável entre servidores municipais com pessoas do mesmo sexo, segundo ele, será mantida. Grande parte dos projetos apresentados pelo senador contam com recursos do governo federal. Apresentando-se como "candidato do coração do Lula", ele pretende aproveitar o vínculo com o presidente no acirramento da campanha no segundo turno. (Reportagem de Carla Marques)

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