Críticas de petistas incomodam PMDB

Ataques a sigla aliada feitos em congresso do PT ameaçam acordos eleitorais em 2012

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Por Redação
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BRASÍLIA - Os ataques de petistas ao PMDB e seus dirigentes durante o Congresso do PT, realizado no fim de semana em Brasília, não surpreenderam a cúpula peemedebista, mas incomodaram o conjunto da legenda. "Logicamente, irrita. Ninguém gosta de ouvir manifestações de desprezo", disse o deputado Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA).

 

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Não bastassem as críticas dirigidas ao vice-presidente Michel Temer e ao presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), petistas de mais de uma corrente, como a Mensagem ao Partido, do governador gaúcho Tarso Genro (PT), propuseram a exclusão do PMDB dos palanques do PT nas eleições municipais do ano que vem.

 

"É incompreensível que manifestações como esta ainda ocorram, depois de tanto tempo de uma aliança que ajudou o PT a crescer no País, a ponto de eleger uma presidente jamais testada nas urnas", afirmou o deputado Lelo Coimbra (PMDB-ES), referindo-se à união em torno da presidente Dilma Rousseff, celebrada para a disputa eleitoral no ano passado. Diante do desconforto, Vieira Lima reafirma a confiança na presidente, mas admite: "Mesmo sabendo que isso veio de correntes minoritárias do PT, não posso negar que causa mal-estar muito grande no PMDB e que o incômodo vai se acumulando".

 

Talvez para evitar esse "mal-estar", Temer tenha preferido comparecer ao concerto comemorativo dos 80 anos do deputado Paulo Maluf, em São Paulo, a aceitar o convite para prestigiar o Congresso do PT.

 

Porém, fiel ao estilo conciliador, o vice diz apenas que "essas manifestações mais radicais são facilmente superadas pela forte relação que os dois partidos consolidaram ao longo da aliança".

 

No mesmo tom do vice, o senador Eduardo Braga (PMDB-AM) pondera que essas manifestações mostram a pluralidade de opiniões no partido aliado, da mesma forma que um congresso peemedebistas também reuniria os grupos mais radicais de esquerda. "Se você deixar o PMDB se manifestar em uma plenária ampla como a petista, também vai encontrar de tudo. Mas isso não significa que as posições mais extremadas representam a cúpula ou a média do pensamento do partido", diz Braga.

 

Insatisfações à parte, o senador e ex-governador do Amazonas destaca que tanto o PT como a presidente Dilma Rousseff sabem que o PMDB é "extremamente estratégico para a estabilidade do País". Ele lembra que, seja no Senado ou na Câmara, a cada dia que passa o PMDB tem se mostrado mais essencial à governabilidade.

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"E a presidente reconhece isso, ao ponto de cada vez mais estar trazendo o Michel Temer para o centro das negociações políticas", observa Braga, ao lembrar que o cenário antes da aliança institucional entre as duas legendas era o da "pulverização de um varejo que acabou desaguando no mensalão". E isto, encerra o senador, a sigla não quer repetir.

 

O grande desafio do PMDB, porém, será negociar com os petistas e com o Planalto um tratado de convivência eleitoral para 2012 em locais onde os dois partidos serão adversários com chances de vitória nas urnas.

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