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Críticas de Lula irritam policiais e procuradores

Presidente culpa PF e Ministério Público por execração antes do julgamento

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Por Redação
Atualização:

As críticas do presidente Lula à Polícia Federal e ao Ministério Público - instituições às quais ele atribuiu execração pública de pessoas antes do julgamento - provocaram forte reação entre delegados e procuradores da República. "O presidente não deve censurar a PF e o Ministério Público para manifestar seu apoio ao senador Renan Calheiros, aliás, ele deveria se colocar acima destas questões", declarou Amaury Portugal, presidente do Sindicato dos Delegados da PF em São Paulo. "O MP e a PF atuam com parcimônia em todos os casos e não iriam agora aceitar a blindagem que querem fazer com determinados senhores da política, os tais acima de qualquer suspeita." Na última quinta-feira, 28, na solenidade de posse do procurador-geral da República, Antônio Fernando de Souza - reconduzido ao cargo para novo mandato -, Lula disse que "uma coisa o inquieta". Dirigindo-se ao chefe do Ministério Público Federal, a quem chamou de "meu caro", o presidente reclamou da PF e do MP. "Não há nada pior para a democracia do que alguém ser condenado sem ter cometido crime, é tão grave quanto alguém ser absolvido tendo cometido um crime." "Achei pertinente quando ele (Lula) disse que todo mundo, desde o brasileiro mais simplório até o presidente, deve ter respeitadas suas garantias fundamentais", observou Antonio Carlos Bigonha, presidente da Associação Nacional dos Procuradores da República. "No Brasil o pobre é muito maltratado. Essa discussão sobre garantias sempre fica acalorada quando o investigado é rico ou tem grande poder político. As penitenciárias estão explodindo de pobres e não vejo ninguém tomando as dores deles." "Não há excessos da PF", afirmou Sandro Avelar, presidente da Associação Nacional dos Delegados Federais. "As operações da PF têm respaldo em decisões judiciais, que autorizam interceptações, buscas e prisões. A PF merece reconhecimento do governo. O presidente foi infeliz." Para Marcos Vinício Wink, presidente da Federação Nacional dos Policiais Federais, "quem pratica falcatrua e corrupção deve estar preparado para o risco da prisão e da exposição, é um risco assumido". Amaury Portugal, do sindicato paulista, disse que "o presidente deveria ter se preocupado também com o delegado Edmilson Bruno, no caso "dossiê", que foi execrado pelo governo e pelo PT e ainda foi punido pela administração". Bruno é o delegado que, em setembro de 2006, prendeu um grupo ligado ao PT com R$ 1,7 milhão, dinheiro que seria usado para a compra de um dossiê contra tucanos.

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