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ANÁLISE: Crise fica mais aguda e governo corre risco de perder mais apoio

Presidente criou um problema com Rodrigo Maia (DEM-RJ) ao atribuir a ele a responsabilidade pelo decreto para atuação das Forças Armadas em Brasília

Por Marco Antônio Carvalho Teixeira
Atualização:

A crise política, cada vez mais aguda, começa a flertar com precedentes perigosos para a democracia brasileira. De um lado, movimentos sociais e sindicatos pressionam pela saída do presidente da República e interrupção da votação dos projetos das reformas previdenciária e trabalhista que tramitam no Congresso Nacional. Por outro, Michel Temer, acuado desde a delação de Joesley Batista, vive um momento político delicado para quem insiste em se manter no mandato e não consegue mais controlar adversidades. Tem de prestar depoimento na Polícia Federal e, ainda, assiste, sem forças para reagir, ao adiamento da apreciação dos projetos de reformas.

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Sem apoio popular, com a agenda do Congresso bloqueada pela crise e o governo paralisado para se defender e montar estratégias de sobrevivência, Temer vê ruir sua possibilidade de terminar o mandato. No momento em que dependia exclusivamente do apoio de dois partidos, DEM e PSDB, acabou criando um conflito aberto com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), ao atribuir a ele a responsabilidade pelo decreto para atuação das Forças Armadas em Brasília. Mesmo que anule o insensato decreto, Temer ampliou a crise de tal modo que corre o risco de perder o apoio do DEM. Além disso, tende a ver uma revoada de tucanos pelo mesmo motivo.

*PROFESSOR DE CIÊNCIA POLÍTICA DO CURSO DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DA FGV-SP