Crise dominará campanha no RS, diz analista

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Por Sandra Hahn
Atualização:

A crise política que eclodiu no Rio Grande do Sul quatro meses antes das eleições municipais de outubro não deve modificar o atual quadro de alianças partidárias, mas certamente será um dos principais temas da campanha, prevê a cientista política Celi Pinto, diretora do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs). "As eleições municipais, principalmente as de Porto Alegre, vão sofrer forte influência da crise", avalia. O atual prefeito da capital, José Fogaça (PMDB), tem mais a perder com esse debate, pois é mais associado ao governo Yeda Crusius (PSDB), considera a cientista política, lembrando que a governadora recorreu aos quadros do município para compor sua administração. Nesta semana, ela anunciou a ex-procuradora-geral da prefeitura Mercedes Rodrigues para ser sua secretária-geral de Governo. Antes disso, já havia buscado Cezar Busatto (PPS), secretario de Coordenação Política de Fogaça, para ser o chefe da Casa Civil. Busatto saiu do governo estadual no epicentro da crise, depois que uma conversa sua com o vice-governador Paulo Afonso Feijó (DEM) foi divulgada no dia 6 de junho, na qual aborda financiamento de campanha com uso de estatais. Fogaça ainda não assumiu oficialmente sua candidatura à reeleição. Na diluição da crise, Yeda demitiu três assessores e instalou um gabinete de transição com representantes dos partidos aliados (PSDB, PMDB, PP, PPS e PTB). Apesar de sua ampla maioria parlamentar, a governabilidade de Yeda é prejudicada pela fragilidade do PSDB no Rio Grande do Sul, considera Celi, e pela carência de quadros que a permitam transitar com mais segurança entre os partidos aliados. Para Celi, embora a disputa municipal em Porto Alegre deva contar este ano com três mulheres candidatas à prefeitura, a questão de gênero não será significativa no debate eleitoral. O fato de mulheres atingirem postos de governo mostra que o País está menos machista, pondera ela, mas não deve assumir papel central na campanha.

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