Criminalidade alta e terrorismo são preocupações de SP para a Copa

Secretário de Segurança quer reduzir taxa de homicídios até data do Mundial da Fifa.

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Por Luis Kawaguti
Atualização:

Há menos de três meses, o atual secretário da Segurança Pública de São Paulo, Fernando Grella, assumiu a pasta com a complicada missão de refrear a onda de violência que deixou mais de uma centena de policiais mortos e aumentou em 40% o número de homicídios ocorridos na capital no ano passado. Em entrevista à BBC Brasil, Grella afirmou que sua meta é fazer com que, até a Copa de 2014, o índice de homicídios no Estado caia para menos de dez por cem mil habitantes e saia do nível considerado endêmico pela Organização Mundial da Saúde. Atualmente, esse índice está em 11,5 homicídios por cem mil habitantes. Ele disse ainda que as forças de segurança locais estão sendo treinadas para lidar com eventuais ameaças extremistas contra delegações estrangeiras no mundial. Leia abaixo trechos de sua entrevista. BBC Brasil - Quais ações a Secretaria de Segurança Pública tomará em relação ao evento da Copa? Fernando Grella - Já estamos trabalhando e nos preparando para esse grande evento que é a Copa de 2014. A Academia de Polícia inclusive já abriu um curso de treinamento, de capacitação de policiais visando o evento Copa. A PM também já tem atividades nesse sentido pela sua diretoria de ensino e está havendo evidentemente um intercâmbio permanente com os segmentos da área federal, que coordenam todo esse trabalho em nível nacional. Nós vamos ter em São Paulo, como outros Estados terão, um centro integrado de comunicações para interligar todas as forças policiais - federais e locais - com o objetivo de garantir segurança plena a todos que nos visitem para acompanhar esse evento mundial. Já começamos a fazer vários preparativos, não só de capacitação, mas em termos também de recepcionar equipamentos que serão fornecidos pela área federal. Então São Paulo vai desenvolver evidentemente toda a atividade necessária por ocasião do início da Copa do Mundo de 2014. BBC Brasil - Que tipo de capacitação os policiais terão? Fernando Grella - Isso envolve cursos de línguas, envolve a questão de abordagem, envolve um policiamento de massa, de multidões, de (proteção de) dignatários, enfim uma série de formações, de preparações que são necessárias para esse tipo de evento. São Paulo tinha no final de 2011 índices de criminalidade violenta, de homicídios, compatíveis com o padrão fixado pela Organização Mundial da Saúde, nós vamos retornar a esse índice ou melhorá-lo. BBC Brasil - Existe preparação para lidar com ameaças extremistas? Fernando Grella - Sim, existe uma preocupação. Nós teremos cursos focando a questão do terrorismo que serão ministrados por organizações internacionais já altamente especializadas. Nós vamos para isso disponibilizar as duas academias, a Academia da Polícia Civil e a da Polícia Militar, para receber esses ensinamentos, essa capacitação. Eventualmente haverá um intercâmbio, com envio de policiais militares para o exterior. Então esta preocupação também está presente e está sendo trabalhada. BBC Brasil - Quais aparelhos federais São Paulo vai receber? Fernando Grella - Estão sendo fornecidos a todos os Estados visando a integração da informação. São comunicações e outros equipamentos de apoio, nada de armamento letal, mas armamento não letal e meios de comunicação e tecnológicos. BBC Brasil - O Rio de Janeiro já foi considerado mais perigoso que São Paulo, no que diz respeito à sensação de segurança da população. No ano passado isso se inverteu. O que a Secretaria de Segurança Pública pode fazer sobre isso? Fernando Grella - Uma coisa são os indicadores criminais, outra é a sensação de insegurança. Temos em São Paulo indicadores bons. São Paulo chegou ao fim de 2011 com dez mortes por grupo de cem mil habitantes - o que atendia o parâmetro da Organização Mundial da Saúde. Infelizmente, devido a esse pico de violência que tivemos em 2012, esse índice saltou para 11,5. Ainda assim São Paulo continua sendo o Estado que tem o melhor índice em termos de homicídio doloso. Não obstante, a gente constata uma sensação de insegurança que veio desse período devido à natureza e à intensidade das ocorrências. Então tem que se fazer dois trabalhos: o primeiro fazer com que esses índices retornem a um patamar inferior, sejam reduzidos. Em segundo lugar vem o atendimento adequado, para mostrar à população que ela pode confiar na sua polícia. Até mesmo a abordagem tem que ser feita com os cuidado necessários, porque ela é o cartão de visita da polícia junto ao cidadão. O Rio de Janeiro tem índices mais desfavoráveis que São Paulo, aliás acho que supera a casa das 20 mortes por cem mil habitantes (24,9 em 2011). Lá às vezes as pessoas se sentem mais seguras do que aqui em São Paulo, embora, pelos indicadores, isso não seja real. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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