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''Crime é o vazamento'', reage Dilma

Ministra insinua que divulgação só interessa à oposição e ela foi o alvo

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Por Luciana Nunes Leal
Atualização:

A ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, reconheceu ontem que dados do dossiê sobre gastos do governo Fernando Henrique Cardoso saíram de dentro do Palácio do Planalto e que houve vazamento de informações sigilosas. Deixou claro que ao governo só interessa quem vazou as informações, "o que é crime". Insinuou que o vazamento só interessa aos adversários do governo e que ela foi o alvo principal: "Tem uma direção certa, a mim. Tem uma tentativa de atribuir à Casa Civil". A ministra negou que o governo tenha montado o dossiê e que o objetivo fosse fazer chantagem e forçar um recuo da oposição nas investigações da CPI dos Cartões Corporativos. "Quero saber quem chupou elementos do nosso banco de dados e manipulou. Como foi feito? Foi feito aqui dentro? Vamos investigar isso. Não porque esta pessoa, ao fazer aqui dentro, tenha cometido algum crime. Ela cometeu crime ao fazer e vazar", disse a ministra, em entrevista coletiva no fim da tarde de ontem. "Temos certeza de que o crime reside no vazamento e este governo não vazou e não difundiu, não publicou informações confidenciais." Dilma disse que discutirá com o ministro da Justiça, Tarso Genro, "como seria a investigação (da Polícia Federal) do crime de vazamento de dados sigilosos". Quase duas semanas depois de abrir uma sindicância para apurar responsabilidades sobre o vazamento dos dados, a ministra anunciou outra forma de investigação: a Casa Civil pediu ao Instituto Nacional de Tecnologia da Informação (ITI) uma auditoria nos cinco computadores que eram usados para digitar os dados de gastos do governo anterior e do atual. Dilma levantou a hipótese de que o dossiê seja uma montagem feita a partir de dados que realmente estavam na Casa Civil e fragmentos de outras planilhas. A planilha publicada pelo jornal Folha de S. Paulo ontem inclui a coluna "Observações", que não faz parte dos dados da Casa Civil, segundo Dilma. Um exemplo das tabelas do banco de dados de gastos que está na Casa Civil foi mostrado ontem ao Estado. Nessa planilha, a última coluna tem a inscrição "Suprim" (Sistema de Suprimento de Fundos) e não "Observações". A ministra afirmou ainda que recebeu da Folha uma cópia da "capa" do dossiê diferente da que foi publicada ontem. Segundo ela, havia uma rasura na parte que indicava a hora em que o documento foi salvo pela última vez. A Folha informou ontem que os documentos publicos e entregues à ministra são os mesmos e que, para preservar a fonte da informação, rasurou os horários em que o arquivo foi salvo e impresso pela última vez. Segundo Dilma, técnicos do ITI informaram que "90% dos casos de vazamento não acontecem por invasão (dos computadores), mas quando alguém de dentro tem acesso", o que reforçaria a tese de que algum funcionário do Palácio manipulou os dados. "Mas não descartamos nenhuma hipótese", ressalvou Dilma. A ministra fez uma referência ao fato de o senador Álvaro Dias (PSDB-PR) ter admitido que viu o dossiê. "Até agora, não apareceu o vazador. O que se sabe é que houve senador de oposição que recebeu o banco de dados." E completou: "Foi insinuado que havia o conhecimento de algum deputado da situação. Este, até agora, não apareceu."

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