Crianças são exploradas sexualmente na Tríplice Fronteira

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Por Agencia Estado
Atualização:

A Organização Internacional do Trabalho (OIT) denuncia a existência de 3,5 mil crianças sendo exploradas sexualmente na região da Tríplice Fronteira, entre Brasil, Argentina e Paraguai. A denúncia foi feita hoje durante um evento, em Genebra, para marcar o dia mundial contra o trabalho infantil. Segundo a OIT, a maioria dessas crianças são vítimas do tráfico na região. A diretora do projeto da OIT na Tríplice Fronteira, Euclísia Ferreira de Souza, explica que os grupos de traficantes colocam as crianças para "trabalhar" em bares, casas noturnas e hotéis de Foz de Iguaçú, no Brasil, e de Ciudad del Este, no Paraguai. A OIT alerta que algumas dessas crianças atuam até mesmo nas regiões próximas à Ponte da Amizade, que liga o Brasil ao Paraguai. Para o diretor do Programa Internacional para a Eliminação do Trabalho Infantil da OIT, Frans Roselaers, a região é propícia para o tráfico e para a exploração sexual. "A existência de três regimes jurídicos diferentes facilita o trabalho dos traficantes, que usam as regiões de fronteira para poder escapar das polícias locais", afirma. Na avaliação da OIT, o tráfico de crianças é realizado na maioria das vezes pelos mesmos grupos que promovem o tráfico de drogas. As máfias chinesa e russa que atuam na região também estariam envolvidas nessa atividade ilegal. Segundo a agência da ONU, o recrutamento de meninas para a prostituição chega a ocorrer até mesmo nas portas das escolas e crianças de apenas oito anos já foram identificadas "trabalhando". Para reverter a situação, a OIT criou comitês nas cidades da Tríplice Fronteira e envolveu 150 organizações não-governamentais (ongs). Até mesmo os sindicatos de trabalhadores da Usina de Itaipú estão participando do esforço, que também conta com recursos do governo dos Estados Unidos. A OIT ainda tem a colaboração da Interpol para tentar identificar os grupos de traficantes no Brasil e em outras parte do mundo. Os esforços internacionais, porém, têm esbarrado na violência das gangues, que chegaram a assassinar crianças na América Central que estavam sendo recuperadas pela entidade.

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