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Crianças do MST protestam por verbas a escolas itinerantes

Educadores não recebem desde julho do ano passado; a Secretaria de Educação do RS disse que pagamento foi suspenso por erros em prestação de contas

Por Agencia Estado
Atualização:

O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) mobilizou as crianças de seus acampamentos para protestar contra o atraso dos pagamentos aos educadores das escolas itinerantes, nesta sexta-feira, em diversas regiões do Rio Grande do Sul. Em Porto Alegre, 150 crianças ocuparam o pátio do prédio da Secretaria da Educação durante uma parte da manhã e uma parte da tarde. Em Tupanciretã, no centro do Estado, os adultos interromperam o tráfego na RST-392 para que os alunos de um acampamento próximo tivessem aula ao ar livre, sobre a rodovia. Em Carazinho, um grupo de pais e filhos sem-terra foi à Coordenadoria Regional de Educação apresentar suas reivindicações. O sistema de escola itinerante funciona há dez anos no Rio Grande do Sul para garantir educação aos filhos dos sem-terra acampados à espera de assentamento. Atualmente, 30 professores se dedicam ao ensino de 430 crianças, com salários pagos pelo governo do Estado. Segundo o MST, os educadores não recebem seus vencimentos desde julho do ano passado. A secretária da Educação, Mariza Abreu, disse a uma comissão dos sem-terra que o pagamento foi suspenso por erros nas planilhas de prestação de contas. O MST se comprometeu e fazer as correções e apresentá-las à Coordenadoria Regional de Educação de Canoas nos próximos dias. Diante disso, recebeu a promessa de que o dinheiro será liberado cinco dias depois da regularização dos relatórios e encerrou a mobilização. Adultos e crianças voltaram aos acampamentos no final da tarde. "Lamentamos ter de nos mobilizar pela reforma agrária e agora também pela educação, uma preocupação que deveria ser de toda a sociedade", comentou um dos coordenadores do MST no Rio Grande do Sul, Paulo Mioranza. O promotor Miguel Velásquez, coordenador do Centro de Apoio da Infância do Ministério Público Estadual, disse que, em tese, não há impedimento à participação de crianças em manifestações pacíficas e seguras, tanto pelo direito à educação, como a dos sem-terra, como pelo fim da violência urbana, freqüentemente organizadas por iniciativa de pais e professores das grandes cidades.

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