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Cresce trabalho infantil em 2005; agricultura é a grande responsável

» Nível de ocupação na faixa de 5 a 14 anos subiu para 10,3% em 2005 » Mais pessoas começaram a procurar trabalho e o desemprego cresceu » Concentração de renda atingiu menor nível desde 1981 » Dados de educação estão melhores. Caiu o porcentual de analfabetos » O número de contribuintes da Previdência Social cresceu 4,9% em 2005 » Cresceu o mercado de trabalho para as mulheres » Número de moradias com celular ultrapassou o porcentual das que tinham fixo » No total da população de 10 anos ou mais de idade, 21% acessaram a Internet » Quase a totalidade dos domicílios brasileiros tinha aparelho de televisão em 2005 » Grupo de idosos de 60 anos ou mais continuou aumentando

Por Agencia Estado
Atualização:

O número de crianças e adolescentes que trabalhavam no País aumentou em 2005, na comparação com o ano anterior. Este é um dos resultados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD) divulgada nesta sexta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O nível de ocupação na faixa de 5 a 14 anos subiu de 9,5% em 2004 para 10,3% em 2005. O presidente do IBGE, Eduardo Nunes, disse que a grande proporção da mão-de-obra infantil está nas atividades agrícolas e, com a crise no setor do ano passado, muitos produtores tiveram que dispensar trabalhadores e contar apenas com a ajuda familiar. Segundo os dados da PNAD, a atividade agrícola detinha, em 2005, 76,7% do número de ocupados na faixa etária de 5 a 9 anos. Renda tem primeiro crescimento desde 96topo O rendimento médio real do trabalhador brasileiro apresentou, em 2005, o primeiro crescimento (4,6%) ante o ano anterior, apurado pela Pesquisa desde 1996. Mas o aumento não foi suficiente para recuperar as perdas acumuladas nos últimos anos. Desde 1996 até o ano passado, a renda acumulou queda de 15,1%. Segundo os dados divulgados nesta sexta-feira, 15, pelo IBGE, o rendimento médio apurado em 2005 foi de R$ 805, ou 4,6% a mais do que os R$ 770 apurados em 2004. O rendimento médio real registrado em 2005 ainda ficou distante do ano de 1996 (R$ 948), quando foi apurado o último crescimento e em que a renda alcançou seu ponto máximo desde o início da década de 90. No documento de divulgação da pesquisa, os técnicos do IBGE argumentam que a política de redução de juros iniciada no terceiro trimestre de 2003 contribuiu para impulsionar a atividade econômica em 2004, e o ano ficou marcado como o primeiro em que o rendimento não apresentou queda desde 1997. Concentração de rendatopo A concentração de renda diminuiu no Brasil em 2005 e atingiu o menor nível em patamar histórico, segundo mostrou o IBGE. O índice de Gini (que mede a concentração de renda), no que diz respeito à distribuição dos rendimentos do trabalho, apresentou no País, no ano passado, o menor resultado apurado pelo IBGE desde 1981. Segundo a PNAD, em 2005 o Gini foi de 0,544. Quanto mais próximo o índice está de zero, menor o nível de desigualdade; quanto mais próximo de um, maior a desigualdade. De acordo com a PNAD, o índice de Gini dos rendimentos em 2005 foi 7% inferior ao apurado em 1995, quando havia chegado a 0,585. A queda vem desde 1993. A inflação mais baixa, aliada ao reajuste do salário mínimo, fez com que os ganhos de renda mais expressivos ocorressem na "metade inferior" da distribuição dos rendimentos, ou seja, na camada dos que ganham menos. ´Desemprego positivo´topo A taxa de desemprego subiu para 9,3% em 2005, ante 8,9% em 2004. A analista da pesquisa, Vandeli Guerra, explica que a taxa foi pressionada pelo maior número de pessoas à procura de uma vaga no mercado de trabalho. Segundo ela, neste caso, o aumento do desemprego não deve ser avaliado como um dado negativo, já que o mercado de trabalho mais favorável - com aumento da ocupação e da renda - estimulou mais pessoas a retomarem a procura por emprego, elevando a taxa. Educaçãotopo 80,8% dos estudantes com 5 anos ou mais de idade estão em escolas públicas no País. Segundo a pesquisa, no ensino fundamental, 89,2% dos estudantes estão em escolas públicas. Freqüentavam a escola pública também 25,9% dos estudantes do ensino superior; 85,6% do ensino médio e 76,3% do pré-escolar. A PNAD mostrou também que em 2005, na população com mais de 10 anos de idade, a proporção dos que alcançaram pelo menos 11 anos de estudo - ou seja, que concluíram pelo menos o ensino médio ou equivalente - ficou em 27,2%, sendo que em 2004 estava em 26,0%. O porcentual de pessoas de 7 anos a 14 anos de idade que não freqüentavam escola caiu de 9,8% em 1995 para 2,6% em 2005. No caso do grupo de pessoas de 15 a 17 anos, o porcentual recuou de 33,4% para 18,0% no período, mas manteve-se em patamar elevado. A taxa de analfabetismo das pessoas de 10 anos ou mais de idade caiu de 14,7% em 1995 para 10,1% em 2005. Enquanto caiu o porcentual de analfabetos, aumentou a fatia das pessoas com maior escolarização. Segundo a PNAD, o porcentual de pessoas com 11 anos ou mais de estudo (que concluíram pelo menos o ensino médio) na população acima de 10 anos de idade subiu de 15,5% em 1995 para 27,6% em 2005. Previdênciatopo O número de contribuintes da Previdência Social cresceu 4,9% em 2005 ante o ano anterior. Além disso, a proporção de contribuintes para a Previdência, no total da população ocupada, passou de 46,3% em 2004 para 47,2% em 2005. O aumento do emprego com carteira assinada em 2005 foi o principal fator responsável pela elevação no número de contribuintes. A pesquisa mostra também que o número de pessoas sindicalizadas subiu 5,1% de 2004 para 2005 e, desse modo, o nível de sindicalização passou de 18,0% para 18,4%. Mulheres no trabalhotopo O processo de inserção cada vez maior das mulheres no mercado de trabalho prosseguiu em 2005. Em números absolutos, de 2004 para 2005, a população ocupada aumentou perto de 2,5 milhões de pessoas, das quais 52% eram mulheres. De um ano para o outro, a população ocupada feminina teve aumento de 3,7% e a masculina, de 2,4%. A pesquisa mostra também que o porcentual de pessoas ocupadas do sexo feminino que contribuíam para a Previdência Social cresceu muito mais entre 1995 (39,7%) e 2005 (47,0%) do que aumentou o porcentual dos ocupados do sexo masculino no período (de 45,5% para 48,8%). Celulares e fixostopo O número de moradias com telefone celular ultrapassou o porcentual das que tinham telefone fixo em 2005. De 2004 para 2005, o porcentual de moradias com linha fixa convencional diminuiu de 48,9% para 48,1%, enquanto o das que tinham linha móvel celular subiu de 47,8% para 59,3%. Ainda sobre o acesso à telefonia móvel, o porcentual de domicílios somente com telefone celular subiu de 7,8% em 2001 para 23,6% em 2005. No caso dos domicílios somente com telefone fixo convencional, passou de 27,9% em 2001 para 12,5% em 2005. No porcentual das moradias com ambos os serviços, houve crescimento de 23,2% para 36,3% entre 2001 e 2005. Internettopo O uso da Internet nos domicílios manteve forte crescimento em 2005. Segundo o levantamento, o porcentual de moradias com computador ligado à Internet subiu de 12,2% (6.324.420 moradias) em 2004 para 13,7% (7.244.685) em 2005. O IBGE verificou também que, no total da população de 10 anos ou mais de idade, 21,0% acessaram a Internet em algum local por meio de microcomputador pelo menos uma vez em 2005. O porcentual é menor na região Nordeste (11,9%) e o maior no Sudeste (26,3%). Aparelhamentotopo Quase a totalidade (92%) dos domicílios brasileiros tinha aparelho de televisão em 2005. Em 2001, essa fatia era de 88%. O menor porcentual de moradias com televisão foi apurado na região Nordeste (83,3%) e o maior na região Sudeste (96,1%). Houve evolução importante no período também no porcentual de domicílios que dispunham de microcomputador, que passou de 12,6% em 2001 para 18,8% em 2005. Também neste caso, o menor porcentual está na região Nordeste (7,8%) e o maior no Sudeste (24,8%). A distância entre o Nordeste e o Sudeste é ainda maior, no caso dos bens duráveis, no que diz respeito aos domicílios com máquina de lavar roupa, cujo porcentual, em 2005, era respectivamente de 10,6% e 47,9%. No caso das geladeiras, o porcentual de domicílios com esse bem subiu de 85,1% em 2001 para 88,6% em 2005. Mais uma vez, o menor porcentual estava no Nordeste (71,8% das moradias com geladeira em 2005) e os maiores no Sudeste (95,5%) e no Sul (95,7%). Longevidadetopo O processo de transformação da estrutura etária do País, de uma população mais jovem para mais envelhecida, prosseguiu em 2005 e é conseqüência da redução da taxa de fecundidade e da queda da mortalidade registradas nas últimas décadas. Segundo a pesquisa, o porcentual de pessoas com menos de 25 anos de idade no total da população residente passou de 58,2% em 1981 para 45,3% em 2005. Por outro lado, o grupo de idosos de 60 anos ou mais continuou aumentando a sua participação na população, passando de 6,4% em 1981 para 9,9% em 2005. A analista da pesquisa, Vandeli Guerra, observou que "a pirâmide está se invertendo" e lembrou que no Brasil, segundo os demógrafos, a mudança na estrutura etária da população foi muito mais acelerada do que na Europa, por exemplo.

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