12 de setembro de 2014 | 20h25
“A convocação de pessoas para prestar depoimento perante Comissões Parlamentares de Inquérito constitui prerrogativa constitucional dessas comissões, razão pela qual a sua implementação independe de prévia autorização judicial”, disse o ministro em despacho assinado no início da noite de sexta-feira.
Zavascki chegou à conclusão ao examinar um ofício no qual a CPI da Petrobrás havia comunicado a decisão de convocar Paulo Roberto Costa para prestar depoimento no próximo dia 17.
Garantias. No final do despacho, o ministro ressaltou que devem ser assegurados ao ex-diretor da Petrobrás direitos constitucionais. Entre essas garantias está a de não se auto incriminar. Com base em jurisprudência consolidada do STF, convocados por CPIs podem ficar em silêncio, o que tem ocorrido com frequência nos últimos tempos.
Assessores do STF preveem que podem ocorrer confusões por causa do despacho de Zavascki. Como o ex-diretor da Petrobrás está preso, havia a expectativa de que o ministro desse uma autorização ou não para ele sair da cadeia e ir à CPI. No entanto, isso não ocorreu. O próprio juiz da 13a. Vara Federal de Curitiba, onde tramita a Lava Jato, havia recomendado que o tema fosse encaminhado ao STF.
No despacho, Zavascki sinalizou que não teve acesso ao conteúdo dos depoimentos nos quais Paulo Roberto Costa teria citado o nome de dezenas de parlamentares, além de governador e um ministro que teriam recebido dinheiro do esquema.
Paulo Roberto Costa citou nomes de políticos que teriam recebido comissão sobre o valor de cada contrato da Petrobrás nos últimos anos.
Troca. O ex-diretor de Abastecimento e Refino da Petrobrás deu as informações com o objetivo de conseguir uma delação premiada. Previsto na legislação brasileira, esse tipo de delação pode garantir benefícios a investigados e réus, como redução de eventuais penas. No entanto, em troca, as informações têm de contribuir para a elucidação supostos crimes praticados.
Nos últimos dias, a base aliada promoveu ações para minimizar os danos provocados pelas primeiras informações vazadas da delação. Em reunião da comissão a portas fechadas, na última quarta-feira, o líder do PT no Senado, Humberto Costa (PT-PE), porta-voz do Planalto na Casa, argumentou que a lei do crime organizado impede a divulgação dos depoimentos de delação.
O líder do PMDB, deputado Eduardo Cunha (RJ), também reforçou essa posição contrária, segundo relatos de presentes, acompanhado do relator da CPI, Marco Maia (PT-RS). O grupo, segundo apurou o Estado, teme que as declarações do ex-diretor de Abastecimento da estatal, uma vez enviadas a CPI, vazem e “incendeie” ainda mais o ambiente político.
Com a decisão de sexta-feira do ministro Teori, esse grupo que também tentou adiar o depoimento de Costa, começa a preparar uma estratégia para esvaziar a sessão da próxima quarta-feira.
Encontrou algum erro? Entre em contato
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.