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CPI pode gerar novo pacto político

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Por Agencia Estado
Atualização:

O risco de uma nova crise do governo do presidente Fernando Henrique Cardoso está aberta com a adesão nesta tarde dos dois últimos dos 27 senadores necessários para a criação da CPI Mista da Corrupção, proposta pelos partidos de oposição, o que poderá levar o governo a tentar um "novo pacto político" e consequente reforma ministerial. Se o governo não conseguir barrar a criação da comissão na Câmara dos Deputados, será alvo de investigações num momento econômico ruim, quando câmbio e juros estão pressionados. Se aprovada a CPI Mista, com a adesão da Câmara dos Deputados, há ainda o risco de uma crise institucional à medida que novas denúncias podem fragilizar o governo FHC, com a revelação de escândalos desconhecidos. Essa é a avaliação do cientista político Fernando Abrucio, da Fundação Getúlio Vargas de São Paulo, ao saber que os senadores Amir Lando (RO) e Casildo Maldaner (SC), ambos do PMDB, assinaram o requerimento para criação da comissão. Ele aposta em que o governo fará de tudo para evitar a criação da CPI Mista da Corrupção, tentando, agora, limitar o trabalho da comissão ao Senado. Mas, para fazer isso, terá de começar a discutir a eleição presidencial de 2002, o que vinha evitando fazer até agora. "A aprovação da CPI no Senado pode significar uma ação mais dura junto ao PMDB", afirmou, referindo-se ao apoio dado por Lando e Maldaner à comissão e, indiretamente, à oposição, que propõe a investigação. Assim, se quiser ficar junto aos partidos de oposição e contra o governo, o PMDB teria, pelo raciocínio de Abrucio, de entregar os cargos que tem no governo, a começar pelo ministério. "O governo precisa ir além de assistir ao jogo, precisa participar do jogo", comparou ele. Isso exigiria um "novo pacto político", com uma reforma ministerial, que contemplaria aliados que ficassem do lado do presidente contra a CPI Mista. Se não conseguir barrar a criação dessa CPI, que interessa à oposição por permitir o envolvimento de deputados federais experientes e, assim, garantir-lhes "um grande palco" na midia, o governo tentará fazer com que a comissão investigue uma "miscelânea" de denúncias, segundo Abrucio, numa tentativa de limitar sua atuação.

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