CPI pergunta à PF se Bolsonaro comunicou suspeita de corrupção na compra da Covaxin

Presidente da comissão, senador Omar Aziz (PSD-AM) quer saber se o presidente Jair Bolsonaro tomou providências após ser alertado sobre suposto esquema: deputado que denunciou pode ter reforço na segurança

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Por Amanda Pupo (Broadcast), Daniel Weterman e Camila Turtelli
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BRASÍLIA - O presidente da CPI da Covid, Omar Aziz (PSD-AM), disse já ter pedido informações à Polícia Federal  para saber se o presidente Jair Bolsonaro entrou em contato com o diretor-geral da PF para solicitar que as suspeitas de irregularidades em torno da compra da vacina indiana Covaxin fossem apuradas. O deputado Luis Miranda (DEM-DF) afirmou nesta quarta-feira, 23, que ele e seu irmão, que é servidor do Ministério da Saúde, relataram essas suspeitas a Bolsonaro num encontro ocorrido no dia 20 de março. 

O senador Omar Aziz, presidente da CPI da Covid no Senado Foto: Dida Sampaio/Estadão

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"Ele disse que procurou o presidente, e que o presidente disse que ia levar à PF. Acabei de pedir para o delegado da PF que trabalha com a gente para pedir informação ao diretor-geral para saber se houve inquérito para investigar essa questão. Se o presidente ligou ao diretor da PF dizendo: 'Olha, tem uma denúncia'", disse Aziz. "É algo natural. O presidente, se ele foi comunicado, e ele tomou providência, ótimo. Se ele não tomou providência é preocupante", ressaltou o presidente da CPI.

Aziz marcou para esta sexta-feira, 25, os depoimentos do deputado e do servidor à CPI, cujos convites para falar ao colegiado foram aprovados durante esta manhã. O senador classificou como "gravíssimas" as acusações feitas por Miranda em declarações à imprensa. "Se tudo aquilo que ele está falando for verdade, ou parte, são gravíssimas as acusações", disse.

Durante a entrevista, o presidente da CPI lembrou da declaração do ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, que, ao se despedir da pasta, ligou sua demissão a um complô de políticos interessados em verbas públicas e 'pixulé' no fim do ano. 

Segundo Aziz, o deputado Luis Miranda comunicou à CPI que quer levar o caso para ser esclarecido pelos senadores. “Ele procurou a CPI ontem e falou: 'Meeu irmão foi pressionado e já tínhamos comunicado isso ao presidente da República'", contou o senador, reforçando que a comissão irá investigar a denúncia. Aziz ainda mencionou que a CPI vai aprovar a quebra de sigilo de uma empresa chamada Madison Biotech, que estaria supostamente envolvida nas negociações. 

CPI vai pedir reforço na segurança de deputado 

A CPI da Covid quer providenciar medidas de segurança para o deputado Luis Miranda e familiares após o parlamentar ter dito que avisou o presidente Jair Bolsonaro sobre supostas irregularidades na compra da vacina Covaxin. "A CPI da Covid estará requisitando segurança para o deputado Luís Miranda, ao irmão e aos familiares. As informações que o deputado está declinando à imprensa e que trará a esta CPI são de extremo interesse público. Sua vida e de sua família precisam estar resguardadas", afirmou o vice-presidente da comissão, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), em mensagem publicada nas redes sociais.

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O deputado Luis Miranda publicou foto de encontro com Bolsonaro no dia 20 de março Foto: Reprodução/Instagram Luis Miranda

De acordo com Luis Miranda, o presidente Jair Bolsonaro prometeu, na conversa com o parlamentar em março, acionar a Polícia Federal para investigar a possibilidade de irregularidades na compra de doses das doses Covaxin. O contrato entrou na mira da CPI e do Ministério Público Federal. Os senadores querem ouvir na semana que vem o empresário Francisco Maximiano, sócio da Precisa Medicamentos, que intermediou a negociação entre o governo federal e o laboratório da Índia.