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CPI mista da Petrobrás aprova quebra de sigilos de tesoureiro do PT

Com apoio de parlamentares da base, oposição consegue votar pedido de acesso a dados bancários, fiscais e telefônicos de Vaccari

Foto do author Andreza Matais
Por Ricardo Brito e Andreza Matais
Atualização:

Atualizado às 22h40

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Brasília - Com o apoio de partidos governistas e sob protestos de parlamentares petistas, a CPI Mista da Petrobrás aprovou nesta terça-feira, 18, pedido de quebra de sigilos do tesoureiro do PT, João Vaccari Neto. Ele foi acusado pelo ex-diretor de Abastecimento da Petrobrás Paulo Roberto Costa e pelo doleiro Alberto Youssef, em declarações à Justiça Federal do Paraná, de ser um "operador" do esquema de cobrança de propina de empreiteiras contratadas pela estatal.

Desde antes do 2.º turno, a oposição tentava aprofundar as investigações sobre o tesoureiro do PT na CPI. Contudo, a base aliada, maioria na comissão, não garantia quórum mínimo para se votar requerimentos.

Na sessão dessa terça, a oposição contou com parlamentares de partidos da base - como PSD, PDT, PROS e PMDB - e a ausência de outros, como os do PP, apontado como beneficiário do esquema de propina. O pedido foi acatado por um voto de diferença: 12 a favor e 11 contra. Conforme o requerimento do líder do PPS na Câmara, Rubens Bueno (PR), a CPI terá acesso a dados bancário, fiscal e telefônico de Vaccari entre 1.º de maio de 2005 e 20 de maio deste ano. Vaccari nega as acusações.

Cunhada. Nas investigações, a Polícia Federal apreendeu uma planilha que indica que Marice Correa de Lima, cunhada do tesoureiro, recebeu R$ 244.240 de Youssef. A planilha foi citada pela PF ao inquirir o presidente da OAS, José Adelmário Pinheiro Filho. A polícia também perguntou se ele conhece Vaccari.

O executivo não respondeu a nenhuma das 43 perguntas feitas pelos delegados da Operação Lava Jato. Léo Pinheiro, como é conhecido, ficou calado, seguindo orientação dos advogados. Ele foi preso na sexta-feira.

A cunhada de Vaccari também teria recebido R$ 110 mil da OAS, segundo mensagens interceptadas pela PF. O dinheiro foi entregue no apartamento dela em São Paulo, em dezembro de 2013. A planilha indica que os outros valores foram entregues em 3 de dezembro de 2013. Ela foi conduzida à PF para prestar depoimento na sexta-feira e liberada em seguida. Marice é filiada ao PT e trabalha em um órgão ligado à CUT.

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Antes da votação, parlamentares do PT e alguns aliados criticaram a ofensiva da oposição. Eles alegaram que, até o momento, Vaccari não é alvo da Lava Jato.

O líder em exercício do PT no Senado, Wellington Dias (PI), destacou que o tesoureiro não foi indiciado e tampouco figurou na lista dos que tiveram a prisão decretada pela Justiça na atual fase da Lava Jato. "É preciso que a gente tenha todo o zelo para que a Justiça seja feita", afirmou. "Se tem alguém que praticou corrupção, que praticou qualquer crime, que seja investigado, tanto pela CPI como pelo Ministério Público, mas com base em fatos concretos."

Após a votação, o presidente da CPI, senador Vital do Rêgo (PMDB), propôs que também se votasse pedidos de quebras de sigilo de tesoureiros de outros partidos. Não houve acordo.

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